Título: Alto custo às vezes atrasa a inovação
Autor: Cleide Silva
Fonte: O Estado de São Paulo, 04/09/2005, Economia & Negócios, p. B6

A indústria trabalha para conseguir carros mais seguros para o condutor para o pedestre. Já estão em desenvolvimento radares anticolisão, que mantêm distância constante do veículo da frente e sensor que reconhece e dispara um sinal sonoro se o condutor está bêbado ou com sono. O número de air bags é cada vez maior. O sistema poderá ser instalado no painel, nas laterais, nos tetos e nos bancos traseiros dos veículos. ¿Os ocupantes do carro vão ficar literalmente dentro de uma bolha em caso de acidente grave¿, diz o supervisor de tecnologia da Ford, Herbert Gerezini.

Também está em estudos um air bag externo, que ficaria entre o capô e o pára-brisa e seria acionado em caso de atropelamento, para reduzir o impacto da cabeça do pedestre contra a lataria do carro. Há divergências entre as montadoras sobre a adoção desse sistema. Se o acidente envolver uma criança, por exemplo, a bolsa inflável será inútil pois o corpo tem outra dimensão.

No Brasil, as inovações demoram mais a chegar por causa do alto custo. Somente 5% dos carros são vendidos com air bag, sistema que custa cerca de R$ 1,5 mil. Freios ABS encarecem o automóvel em até R$ 2 mil.

¿Os brasileiros preferem CD player e rodas mais bonitas ao air bag¿, critica Volker Barth, presidente da Delphi Europa, uma das maiores fabricantes de autopeças, com filial no Brasil. ¿Se tivesse volume maior de vendas, os preços cairiam¿, diz o executivo, para quem segurança também é questão cultural.

Barth defende incentivos do governo, com redução de impostos para quem comprar carros com itens de segurança. O Estado economizaria com a queda de acidentes. Segundo ele, a popularização do air bag e de outros sistemas na Europa ocorreu dessa forma.

Uma tecnologia que está em teste pela Scania na Europa e que teria grande utilidade no Brasil é um radar instalado no pára-choque, que detecta buracos e avisa ao motorista com alguns metros de antecedência.