Título: Em NY, Severino apresenta três versões para rebater nova denúncia
Autor: Expedito Filho
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/09/2005, Nacional, p. A7

Ao longo de três horas, o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), deu justificativas desencontradas para o documento que assinou assegurando a prorrogação por 5 anos da concessão do restaurante que o empresário Sebastião Augusto Buani mantém na Câmara. Na primeira reação, às 12h30 de ontem, Severino tentou sem muita convicção negar que tenha assinado o papel - considerado ilegal por deputados da oposição e apontado como motivo para a abertura de processo de cassação contra o presidente da Câmara. "Eu não assinei esse contrato, mas se assinei é um contrato normal que deve estar com toda a documentação", disse Severino, que participa em Nova York de um evento promovido pela Organização das Nações Unidas (ONU). Cerca de 15 minutos depois, Severino apresentou nova explicação. Ele admitiu que pode ter até assinado o documento, mas disse que para ter certeza precisa cumprir uma condição: "Eu tenho que ver o documento original." Duas horas mais tarde, durante coquetel oferecido em homenagem ao Dia da Pátria pelo cônsul do Brasil em Nova York, embaixador Julio Cesar Gomes dos Santos, Severino foi ainda mais dúbio. Ao ser alertado de que há uma perícia confirmando a autenticidade do documento ele reagiu: "Essa perícia não existe. Sei porque não existe o documento. Só pode ser um documento falso."

Severino disse que não tem nada a temer: "Se tiver alguma coisa tramada ou alguém querendo me atingir, vou sair incólume." Ele ironizou os partidos de oposição que decidiram pedir ao Conselho de Ética da Câmara a abertura de processo de cassação de seu mandato, por suposta quebra do decoro parlamentar. "Essas decisões já foram tomadas várias vezes. Que continuem a tomá-las porque estou pronto para enfrentá-los", desafiou.

OTIMISTA

Todas as suspeitas contra ele, garantiu, vão se desmanchar quando voltar ao Brasil. Seu prognóstico sobre o desenrolar dos acontecimentos é otimista. Ele fala em superação e diz que deixou no Brasil gente para ajudá-lo. "A crise deverá ser superada. Todos aqueles de bom senso estão trabalhando para que a verdade venha à luz. A verdade é só a verdade para dar tranqüilidade ao povo brasileiro."

Severino afirmou ainda acreditar que a investigação do episódio acabará comprovando sua inocência. "Sou um homem que não tem problemas. Quem não tem problemas não pode ter angústias. Vou cumprir minha agenda até o fim. Eu sou um homem tranqüilo", disse. "Estão com muita sede na presidência da Câmara, mas vão ter que esperar um ano e meio." Ele afirmou que a crise não abreviará sua estadia em Nova York, onde deverá permanecer até sábado.