Título: DNA usou conta de Valério para dividir lucro
Autor: Sérgio Gobetti
Fonte: O Estado de São Paulo, 08/09/2005, Nacional, p. A8

O publicitário Francisco Castilho, sócio-presidente da agência de publicidade DNA Propaganda, confirmou ontem que foi o responsável pelo saque de R$ 100 mil, em 2004, em uma das contas do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, apontado como operador do esquema do mensalão - a suposta mesada para deputados aliados votarem a favor de projetos do governo. Em depoimento prestado na superintendência da Polícia Federal em Belo Horizonte, no fim da manhã, Castilho disse que o dinheiro sacado foi entregue à Graffiti Participações, outra empresa de Marcos Valério, a título de distribuição de lucros entre os sócios.

O depoimento de Castilho foi prestado aos delegados Cláudio Ribeiro Santana e Luís Gustavo Valença, da PF de Brasília. Os dois foram à capital mineira ouvir o presidente da DNA a pedido da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios, que quer identificar o objetivo dos saques feitos nas contas bancárias das empresas de Marcos Valério e qual o destino do dinheiro.

Castilho chegou à superintendência da PF em Belo Horizonte, por volta das 9h30. Depois, ao final de quase duas horas de depoimento ao delegados, ele não quis falar com os jornalistas.

Entretanto, o advogado da DNA Propaganda Leonardo Yarochewsky informou que a operação de saque dos R$ 100 mil foi legal e o dinheiro foi entregue à Graffiti, onde seria repassado aos sócios a título de distribuição de lucros e de resultados. "O dinheiro foi repassado de forma legal à Graffiti para a divisão dos lucros entre os sócios da empresa. A DNA não faz campanha política desde 1999 e por isso não tem qualquer participação em esquema de caixa 2", assegurou o advogado, ressaltando que Castilho também desconhece a origem dos milhões de reais movimentados nas contas de Marcos Valério.

EX-PREFEITO

Além de Castilho, outro que aparece na lista de sacadores das contas de empresas de Marcos Valério é o ex-prefeito de Contagem Ademir Lucas, do PSDB. O ex-prefeito também prestaria depoimento aos dois delegados da PF ainda ontem. O nome de Lucas foi envolvido no caso porque Cristiano Paiva Nunes, funcionário de uma fundação da prefeitura de Contagem, retirou em outubro de 2004 R$ 300 mil reais da conta da SMPB Comunicação, outra agência de publicidade de Marcos Valério.