Título: Presidente da Câmara manda fazer sindicância
Autor: Rosa Costa e Mariângela Gallucci
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/09/2005, Nacional, p. A4

BRASÍLIA - O presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), informou ontem, por meio de nova nota oficial, que determinou ao diretor-geral da Casa, Sérgio Sampaio, a criação de uma comissão de sindicância para apurar as acusações de que ele (Severino) teria cobrado propina da empresa Buani & Paulucci, administradora do restaurante instalado no 10.º andar de um dos anexos da Câmara. Os membros da comissão serão indicados pelo próprio Sampaio, que foi escalado por Severino para oferecer todos os esclarecimentos sobre o contrato da Câmara com o restaurante. Severino afirmou também que decidiu solicitar ao Tribunal de Contas da União (TCU) "auditoria urgente e especial" em todos os contratos que envolvam a empresa concessionária do estabelecimento.

Na nota, Severino volta a negar as acusações e diz que está encaminhando todo o material publicado na imprensa sobre o assunto para ser examinado pelo 2.º vice-presidente e corregedor da Câmara, deputado Ciro Nogueira (PP-PI). O presidente da Câmara também reforça que solicitou ao ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, a abertura de investigações.

"Com essas providências, a presidência da Câmara foi além das possibilidades estritamente regimentais, ao pedir a abertura de inquérito ao senhor ministro da Justiça", diz a nota. "Isso demonstra o compromisso com a verdade e a seriedade, na certeza da absoluta inveracidade dos fatos, o que será comprovado ao final das apurações."

O texto assinado por Severino afirma ainda que os procedimentos da presidência da Câmara diante das denúncias "denotam seu compromisso com a correção e a transparência, comportamento que adota e adotará sempre, em quaisquer casos, em defesa da imagem da instituição".

Na sexta-feira, Severino já havia divulgado uma nota à imprensa, na qual negava as denúncias e afirmava que o proprietário do restaurante e autor das acusações, Sebastião Augusto Buani, vinha nos últimos dias fazendo pressão sobre a direção da Câmara para renovar seu contrato de concessão e para que sua dívida (R$ 150 mil, segundo Severino, ou R$ 105 mil, segundo Buani), por conta de aluguéis atrasados, não fosse executada pela Câmara.

Reportagem divulgada no mesmo dia pela agência oficial de notícias da Câmara relatava, entretanto, que a empresa administradora do restaurante tem crédito de R$ 30 mil com a Câmara por serviços prestados e ainda não quitados. Assim, o saldo devedor do estabelecimento seria menor.

Após passar o sábado em um sítio nos arredores de Brasília, Severino retornou ontem à capital federal e passou o dia na residência oficial da presidência da Câmara. Ele se reuniu em casa com alguns assessores e recebeu a visita de Sérgio Sampaio e Ciro Nogueira.