Título: R$ 1 bilhão em novos fundos do BNDES
Autor: Fernando Dantas
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/09/2005, Economia & Negócios, p. B3

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) está lançando nove fundos de participação em empresas, que devem levar mais de R$ 1 bilhão em financiamento para grandes empresas de capital fechado, e pequenas e médias. A participação direta do BNDES deve chegar a R$ 260 milhões. Os recursos deve ser injetados no setor produtivo a partir de 2006. A nova família de fundos marca o retorno do BNDES ao setor de capital empreendedor, ou capital de risco, depois de uma esfriada neste tipo de atividade em 2003 e 2004. A exceção neste período foi o lançamento de um fundo de investimentos em energia decidido ainda na gestão do ex-presidente da instituição Carlos Lessa, de R$ 740 milhões, no qual o BNDES aportou R$ 180 milhões.

Dos 9 fundos, 7 serão dedicados a empresas emergentes inovadoras, com faturamento líquido anual de no máximo R$ 100 milhões. Nestes fundos, o BNDES vai entrar com um máximo de 30% dos recursos. Os outros dois fundos serão dedicados a empresas grandes, ou as maiores médias, e de capital fechado - o chamado investimento em "private equity". O BNDES entrará com um máximo de R$ 60 milhões em cada fundo, não mais que 20% dos recursos.

Segundo Fabio Sotelino, superintendente da área de Mercado de Capitais do BNDES, há um grande interesse de gestores de fundos de participação em empresas nos novos fundos da instituição. "Já temos 15 propostas, e outras vão surgir", diz. Pelo esquema do BNDES, o gestor é sempre uma instituição externa, normalmente com perfil de banco de investimentos ou empresa de administração de recursos. Assim, da atual safra de propostas, só nove serão bem-sucedidas - uma instituição por fundo.

Depois de fechar o acordo com o BNDES, o gestor monta o fundo e busca outros investidores. Os cotistas deste tipo de fundo são normalmente fundos de pensão. No caso do fundo de investimento em energia, por exemplo, o gestor é o Banco Pactual, e Petros (fundação da Petrobrás) e Funcef (fundo de pensão da Caixa Econômica) são investidores. Depois de angariar o capital do fundo, o gestor faz aquisições de grandes participações ou do controle de empresas. Normalmente, o gestor (e às vezes os investidores) assessora ou participa diretamente da gestão dos negócios nos quais investe. A intenção é fazê-los crescer, lucrar e, no caso do "private equity", abrir o capital.