Título: Compra de máquinas sobe 38%
Autor: Fernando Dantas
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/09/2005, Economia & Negócios, p. B3

RIO - A linha do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para financiamento de máquinas e equipamentos (Finame) na indústria manteve forte crescimento em agosto em relação ao mesmo mês de 2004, segundo Cláudio Bernardo de Moraes, superintendente da área de Operações Indiretas da instituição. Números ainda provisórios indicam que o desembolso total do Finame para a indústria atingiu cerca de R$ 930 milhões em agosto, 38% a mais que no mesmo mês de 2004. O resultado do mês passado é significativo, explica Moraes, porque as liberações ganharam ritmo durante o segundo semestre de 2004, e a base de comparação, portanto, ficou mais alta.

De janeiro a julho de 2005, o total das liberações do Finame para a indústria foi de R$ 5,6 bilhões, 70% a mais que no mesmo período de 2004. O Finame para equipamentos agrícolas, porém, teve forte queda, associada à seca e a diversos outros problemas do setor, atingindo R$ 1,4 bilhão de janeiro a julho, menos da metade das liberações em igual período de 2004. O Finame total, incluindo as operações de leasing, atingiu R$ 7,6 bilhões de janeiro a julho, um avanço de 15% ante igual período de 2004.

Adelmo Felizati, diretor de Relações com Investidores da Mangels, metalúrgica paulista de rodas de aço e alumínio e cilindros de gás, diz que a empresa "está mantendo os investimentos para este ano", mas tem uma postura de cautela. A sua posição é parecida com a de muitos executivos no momento, que enxergam uma mistura de fatores positivos e negativos, e estão investindo para pelo menos não perder o bonde de uma possível firmeza do cenário de expansão econômica.

A Mangels deve investir cerca de R$ 40 milhões este ano, ampliando a produção tanto na fábricas de Três Corações (MG) como na de São Bernardo do Campo. Os investimentos estão sendo favorecidos pelo real forte, já que a empresa importa 60% do maquinário. A Mangels também é beneficiada pelo aquecimento da indústria automobilística, que puxa a demanda de rodas, mas é prejudicada pelo juro alto que reduz a procura por botijões. "O mercado deu uma caída muito forte a partir de abril e maio", queixa-se Felizati, que cobra do governo a redução da taxa básica de juro, a Selic.

Na Klabin, fabricante de papel, uma decisão de investimento de US$ 500 milhões, para ampliar de 330 mil toneladas para 700 mil a capacidade da fabricação de papel cartão (basicamente duplicando para 640 mil a capacidade de fábrica de Monte Alegre, no Paraná), está neste momento sendo avaliada "com muito cuidado", como diz Miguel Sampol, diretor geral da empresa.

O executivo explica que a taxa de câmbio é um dos indicadores a serem examinados com mais cautela, antes da decisão. "Se tivéssemos que tomar uma decisão com base no dólar de R$ 2,35, não iríamos investir", diz. Mas ele observa que a queda do juro, com a inflação controlada, pode levar o dólar a se recuperar, e que a análise de um investimento deste porte tem de ser de longo prazo.

Na ponta mais otimista das empresas brasileiras, a companhia aérea Gol aposta que o mercado de aviação doméstica deve crescer de 13% a 14% em 2005. "O setor está indo muito bem, melhor do que imaginávamos mesmo com otimismo", diz Tarcísio Gargioni, vice-presidente de Marketing e Serviços da Gol. A empresa fechou recentemente a aquisição de 101 aviões, num investimento de US$ 6 bilhões até 2012.