Título: Foco se volta à inflação e atividade
Autor: Tom Morooka
Fonte: O Estado de São Paulo, 05/09/2005, Economia & Negócios, p. B4

A semana promete menos movimentação de negócios por causa do feriado do Dia do Trabalho nos EUA, hoje, e do Dia da Independência, na quarta-feira, mas não dispensa a atenção do investidor. A semana que antecede a da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) que, segundo analistas, deve iniciar o ciclo de redução do juro básico, está coalhada de indicadores de inflação e de atividade econômica que deverão definir a estratégia de política monetária do Banco Central. O próximo encontro do Copom ocorrerá nos dias 13 e 14. O tom dos negócios na semana, segundo o estrategista-chefe do Banco BNP Paribas Brasil, Alexandre Lintz, será dado pelos dois indicadores mais importantes: a inflação de agosto pelo IPCA, que será conhecido amanhã, e os dados da produção industrial de julho, na quinta. Lintz diz que a avaliação do mercado é que a trajetória de queda da inflação corrente, apontada por todos os indicadores, possibilita a redução da taxa básica a partir deste mês, depois da estabilidade em 19,75% ao ano por três meses seguidos.

O IPCA e os dados da produção tendem a definir as apostas do mercado sobre o rumo dos juros, divididas, por enquanto, entre um corte de 0,25 ponto porcentual e meio ponto porcentual. Lintz não trabalha com a primeira hipótese. "O Banco Central só deverá reduzir os juros se estiver convencido de que a inflação está em queda, e nesse caso cortará 0,50 ponto porcentual, ou manterá a taxa estável, mais uma vez, o que parece pouco provável." Ele comenta que se não houver corte do juro nominal, a inflação em baixa vai ampliar o juro real de tal modo que vai provocar uma forte desaceleração da atividade econômica no segundo semestre.

Outros indicadores de inflação com divulgação na semana são o IPC-Fipe de agosto, hoje; o IGP-DI também de agosto, amanhã; e a primeira prévia do IGP-M de setembro, na sexta. Entre os indicadores de atividade, Lintz aponta ainda os dados de produção e comercialização de veículos pela Anfavea, na quarta-feira, e o relatório da CNI sobre a atividade industrial de julho, na sexta, considerado importante sinalizador do nível de atividade econômica.

O economista-estrategista do BNP Paribas comenta que os investidores estarão atentos também aos dados do fluxo de câmbio no mercado à vista em agosto que serão anunciados na quinta-feira. A estimativa é que eles apontem uma sobra de US$ 1,5 bilhão no mercado. O excesso de dólares na praça, pela falta de atuação do Tesouro como comprador de divisas, tem sido o fator determinante de baixa das cotações, que recuaram 3% na semana passada. Ele não descarta uma possível volta do Tesouro às compras.

No cenário internacional, a expectativa é com a divulgação do Livro Bege, na terça-feira, com dados que devem mostrar como está o nível de atividade e da inflação nos Estados Unidos.