Título: Carta mais cara, mais ilegais nas ruas
Autor: Marisa Folgato
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/09/2005, Metrópole, p. C1

Quase 3,5 milhões (28%) dos 12,5 milhões de motoristas paulistas estão com cartas vencidas, segundo o Departamento Estadual de Trânsito (Detran), boa parte deles - 2,8 milhões - há mais de um ano. Só na capital, 1,3 milhão. A situação pode piorar com o aumento do custo para renovar a carta desde ontem, com a exigência do curso de direção defensiva e primeiros socorros. O preço subiu de R$ 65,84 para R$ 102,00 a R$ 151,00 (estimados), dependendo da forma de estudo: autodidata, a distância, com presença em aula. Em todas é exigida prova.

É muito mais do que o cobrado em outros Estados, que adotaram a mudança em junho. Só a prova em São Paulo custa de R$ 36,00 e R$ 40,00. No Rio e em Pernambuco, ela é gratuita.

No Distrito Federal sai por R$ 9,93. "Foi só o custo mínimo para o motorista não usar a desculpa do preço para não pôr o documento em ordem", disse o chefe da Divisão de Educação de Trânsito do Detran do DF, Marcelo Granja.

A presidente da Comissão de Trânsito da Associação Nacional de Transporte Público (ANTP), Cristina Badini, disse que os cursos são importantes para melhorar a qualidade do motorista. "Mas devem ser feitos esforços para baixar os valores em São Paulo ou vai aumentar a inadimplência. E são essas pessoas que vão se sentir impunes, correr mais riscos e até causar mais acidentes."

O presidente do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), Ailton Brasiliense, afirmou que cada Estado tem autonomia para definir preços. "Em 2006, será feita a avaliação dos resultados dos cursos em todo o País."

GRÁTIS

No DF, que tem 1,2 milhão de motoristas, quem pega grátis o conteúdo no site do Denatran (www.denatran.gov.br) só paga os R$ 9,93 pela prova, aplicada pelo Detran. Em São Paulo tudo foi terceirizado - o curso com presença custa de R$ 45,00 a R$ 60,00.

Granja disse que a forma autodidata é a preferida por 60% dos motoristas e o índice de aprovação está entre 75% e 80%. "O curso em Centros de Formação de Condutores (CFCs) sai por R$ 60,00, mas não tem prova."

Em Pernambuco, quem estuda no CFC, com preço máximo de R$ 46,50, também é dispensado da avaliação. A prova é gratuita para autodidatas. "Só paga R$ 15,00 se for reprovado e tiver de fazer de novo", diz o diretor do Detran, Laedson Bezerra, presidente da Associação Nacional dos Detrans.

No Estado, que tem 1,5 milhão de motoristas, 2 em cada 3 preferem freqüentar as aulas. "O acesso à informática é difícil no interior." A aprovação é de 75%.

No Rio, a prova é gratuita e só há a modalidade autodidata. O valor no Rio Grande do Sul é parecido com o de São Paulo: R$ 59,70 pelo treinamento e R$ 36,91 pela prova. Mas quem faz curso não precisa de exame.