Título: Polícia só achou 3% do dinheiro do BC
Autor: Carmen Pompeu e Vannildo Mendes
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/09/2005, Metrópole, p. C4

Um mês depois de serem levados R$ 164.755.150,00 do cofre da agência do Banco Central de Fortaleza, o caso nada avançou. Até agora, foram recuperados pouco mais de R$ 6 milhões (3,7% do total) e apenas três pessoas estão presas. Uma das teses da polícia é a de que bandidos do Ceará teriam sido arregimentados não para o planejamento, mas para a execução da ação, a maior já realizada no Brasil. Eles teriam sido apenas o braço operacional do golpe. Mesmo tendo deixado rastros, não se sabe o paradeiro de Paulo Sérgio de Sousa, nome falso do suposto líder da quadrilha, que teve como base a casa de número 1.071 da Rua 25 de Março, no centro de Fortaleza. Nela, foi montada a empresa de fachada Grama Sintética, ponto de partida do túnel de 80 metros por onde foi levado o dinheiro furtado em de agosto.

O inquérito policial, presidido pelo delegado federal Luiz Wagner Sales, está sob segredo de Justiça. A Polícia Federal crê estar prestes a desmantelar a quadrilha. Segundo a PF, parte do bando, de 15 a 20 pessoas, está cercada em pontos distintos do País, incluindo dois dos cabeças do golpe. O grupo tem armas de grosso calibre.

Permanecem presos na carceragem da PF, em Fortaleza, o dono da empresa JE Transportes, José Charles de Morais, acusado de comprar veículos com dinheiro do furto, e os donos da revenda de automóveis Brilhe Car, os irmãos Dermival e José Elizomarte Fernandes Vieira. Seus advogados entraram com pedido de habeas-corpus na Justiça Federal, que deverá ser julgado hoje.

Antes do sigilo decretado em 26 de agosto, a PF havia pedido a prisão preventiva de mais quatro suspeitos. Um seria Antonio Jussivan Alves dos Santos, o Alemão.

Foram comentados nomes de outros suspeitos: Edgar Resende, o Denis, apontado como a ligação com o chefe de uma quadrilha paulista; Marcos Rogério Machado de Morais, o Rogério Bocão, irmão do empresário Charles Morais; Antônio Artênio da Cruz, o Bode; e Robson de Sousa Almeida.

A PF crê que tenha havido colaboração de servidores do BC ou de terceirizados no golpe.