Título: Quedas ajudam toda a economia, explica a FGV
Autor: Célia Froufe e Márcia De Chiara
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/09/2005, Economia & Negócios, p. B1

As seguidas deflações registradas nos últimos meses nos Índices Gerais de Preços (IGPs) e a expectativa de um número historicamente baixo para o ano terão efeitos macroeconômicos significativos em 2005. Os IGPs (IGP-M, IGP-DI e IGP-10, cuja diferença básica é o período da coleta de dados), são de longe os principais indexadores da economia brasileira, corrigindo desde uma variedade enorme de títulos públicos e privados até contratos privados mais simples, como aluguéis de imóveis. Parte dos economistas já trabalha com uma previsão para o IGP-M abaixo de 2% para 2005 - o que seria o nível mais baixo para o índice desde a implementação do regime de câmbio flutuante no País, em 1999.

"Por ser tão relevante para uma série de segmentos da economia, o principal efeito de um IGP baixo se dá sobre a própria inflação; a componente inercial desta inflação, que no nosso caso é muito expressiva, perde força", diz Salomão Quadros, coordenador de Análises Econômicas da Fundação Getúlio Vargas (FGV), entidade que apura os índices.

Como herança dos tempos de inflação elevada, a economia ainda é excessivamente indexada aos IGPs. Boa parte dessa inflação "dada" pelos reajustes ligados ao índice, especialmente os das tarifas públicas, perde fôlego com o IGP mais baixo.

Quadros lembra, nesse sentido, que as deflações recentes estão visivelmente contaminando (positivamente) os índices de preços ao consumidor. "Ao contrário, por exemplo, do movimento observado em 2003, que considero o mais parecido com este, em que não houve essa contaminação de maneira explícita", diz o economista.

Menor a inflação representa maior o poder aquisitivo real dos salários dos trabalhadores, o que pode vir a ser em importante fonte adicional de demanda na economia.