Título: Lula e presidentes do STF, STJ e Senado vêem ataque como manobra da oposição
Autor: Sérgio Gobetti
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/09/2005, Nacional, p. A5

Os presidentes do Supremo Tribunal Federal (STF), Nelson Jobim, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Édson Vidigal, e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), conversaram ontem com o presidente Lula sobre os ataques ao presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE). Lula, que a princípio se sentiu aliviado com o desvio de foco dos ataques do Planalto para o Congresso, está preocupado com a possível desestabilização de Severino, já que seus possíveis sucessores são todos de partidos da oposição. Para o Planalto, o movimento pode representar uma escalada para atacar os chefes dos Poderes, que começou pelo Executivo, agora chegou ao Legislativo e pode se estender. 'A oposição está partindo para tudo', comentou um interlocutor do presidente. Para ele, a oposição radicaliza por causa das eleições, já que Lula abriu uma brecha ao dizer que ainda não decidiu se tentará a reeleição.

Os ataques a Severino foram considerados, no Planalto, 'uma manobra das oposições que pode até pôr as instituições em risco'. Esse tipo de preocupação foi verbalizado ontem por Jobim e Vidigal. Por isso, todos recomendavam 'muita calma' para tratar da questão.

Novos passos para reagir à crise foram tratados ontem na Granja do Torto, em reunião de Lula com os ministros Dilma Rousseff, da Casa Civil, Jaques Wagner, das Relações Institucionais, e Luiz Dulci, da Secretaria-Geral. Entre as reações, tentativa de desbloquear a pauta de votações, trancada por oito medidas provisórias.