Título: Lula e Rossetto, os alvos de manifestações do MST
Autor: José Maria Tomazela
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/09/2005, Nacional, p. A8

Acabou a tolerância do Movimento dos Sem-Terra (MST) com a falta de ação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em favor da reforma agrária. Depois de analisar os dados mais recentes do Incra sobre o número de famílias assentadas este ano, o movimento decidiu colocar o presidente como alvo principal das manifestações que realiza, a partir de amanhã, em todo o País. A jornada de lutas do chamado "setembro vermelho" vai incluir marchas, atos de protesto e invasões de fazendas. Amanhã, os sem-terra e outros integrantes do Grito dos Excluídos vão à Esplanada dos Ministérios fazer um protesto no mesmo horário das comemorações oficiais do 7 de Setembro, com a presença do presidente. "O governo termina no ano que vem e os dados são tão ruins quanto no período de Fernando Henrique Cardoso", disse ontem o coordenador nacional e porta-voz do movimento, João Paulo Rodrigues.

Com base em números divulgados pela Secretaria de Agricultura Familiar (SAF) do Ministério do Desenvolvimento Agrário, as lideranças concluíram que o governo assentou apenas 4 mil famílias do MST este ano. "Se o governo trabalhar bem, vai conseguir assentar 12 mil famílias, o que representará apenas 10% do total de famílias do movimento acampadas em todo o País", disse Rodrigues. "É muito pouco diante do que o presidente prometeu fazer." Ele considerou que os números são uma "provocação" aos sem-terra.

Segundo Rodrigues, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, antigo integrante e velho companheiro do MST, também estará na mira das ações. "O ministro e os dirigentes do Incra não estão isentos das cobranças."