Título: Rio organiza campanha contra Campo Majoritário
Autor: Mariana Caetano
Fonte: O Estado de São Paulo, 06/09/2005, Nacional, p. A10

Indignados com a decisão do Diretório Nacional do PT de adiar as investigações sobre seus deputados acusados no esquema do mensalão, petistas do Rio iniciaram um movimento para pregar o voto contra o Campo Majoritário nas eleições internas e devem lançar um manifesto nos próximos dias. Eles pedem aos filiados que votem em qualquer outra chapa para impedir que o Campo mantenha o controle da direção da legenda. "Tem gente do Campo que já não vota no Ricardo Berzoini", disse ao Estado um membro da esquerda petista que quis manter o anonimato. A participação no diretório é proporcional à votação. Hoje o Campo tem mais da metade dos cargos.

"É uma vergonha", disse o ex-deputado Vladimir Palmeira, ao comentar a decisão do adiar as investigações. Ele acha "difícil" uma mudança antes da eleição. "Este diretório está fazendo pouco e tarde. Mesmo no caso do Delúbio Soares, que obteve liminar contra a expulsão, poderia ter feito uma votação simbólica. Há um esforço deliberado para não fazer nada."

Palmeira apóia o candidato Plínio de Arruda Sampaio. "A chapa do Campo é a do Zé Dirceu. Votar contra ela é uma obrigação." Ele disse que pede a punição dos acusados em todas as reuniões. "O PT já devia há muito tempo ter mandado esses deputados renunciarem, sem direito a se candidatar."

Dividido entre apoiar Plínio ou a de Valter Pomar, da Articulação de Esquerda, o deputado Antônio Carlos Biscaia (RJ) também avalia que, agora, tudo depende do resultado da eleição. "Se decidirem manter a atual direção, estarão nos colocando para fora do PT", avisou.

Ele vai promover uma reunião no dia 9 com grupos que o apóiam, para decidir quem vai defender na eleição petista. O deputado considerou "lamentável" a atitude do diretório nacional do fim de semana. "Todos os procedimentos do diretório são inaceitáveis", condenou.