Título: Maluf operou no exterior, diz laudo
Autor: Fausto Macedo
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/09/2005, Nacional, p. A14

Laudo do Ministério Público Federal revela "transferências financeiras milionárias efetuadas pela empresa Durant International Corporation, ligada a Paulo Maluf". São listadas 7 remessas a crédito da conta Chanani, no Safra National of New York, totalizando US$ 27 milhões. O documento aponta para operações financeiras de Maluf na Ilha de Jersey, paraíso fiscal do Canal da Mancha, e mapeia a origem da offshore Falcon Composites Ltd., constituída nas Ilhas Virgens Britânicas em janeiro de 1998, com capital de US$ 50 mil, cujo procurador é Flávio Maluf, filho mais velho do ex-prefeito.

A Chanani era operada por Vivaldo Alves, o Birigüi, que seria o doleiro da família Maluf.

No cartão de abertura dessa conta, Vivaldo identificou-se como "economista, consultor e investidor". Ele apresentou como referência pessoal Maria Cecília Beyruti, titular da conta Vagalume, também no Safra.

Com base no relato de Birigüi e no laudo do MPF, a Polícia Federal pediu à Justiça decretação da prisão preventiva de Maluf, do filho dele e também do ex-prefeito Celso Pitta.

O laudo, intitulado "relatório de análise" número 056, foi produzido por três peritos criminais do Setor de Pesquisa, Análise e Informação, órgão da Procuradoria da República no Distrito Federal.

Em 28 páginas, os peritos - José Marcion da Silva, Gilberto Guimarães Mendes Júnior e Renato Rodrigues Barbosa - examinam extratos bancários entregues ao governo brasileiro pela Promotoria Distrital de Nova York. Os papéis são relativos a 22 contas - 19 no Safra e 3 no MTB Bank -, entre elas "as que possuem relação direta com a família Maluf".

A conta 6202624, titulada pela Falcon Ltd., tinha como função principal transferir recursos para pagamento de faturas mensais dos cartões de créditos American Express de Maluf e de seus filhos Flávio e Otávio.

Dos US$ 27 milhões que a Durant International internou em Nova York, US$ 7 milhões são provenientes do Citibank de Jersey, paraíso fiscal no Canal da Mancha. A conta Falcon foi aberta em 16 de março de 1998 e movimentou US$ 864, 7 mil até junho de 2001.

"55% dos créditos efetuados na conta da Falcon tiveram origem em conta do Banco de Crédito Nacional NY", destacam os peritos. 15% saíram da Chanani e 11% da Ugly River. O laudo mostra quadro que consolida créditos da Falcon, por histórico de lançamentos.

A maior parte dos recursos debitados nessa conta, 88%, foi remetida para o American Express, no Chase Manhatan. Desse volume, 26% são de remessas "relacionadas diretamente a Paulo Maluf, principalmente para pagamento de suas faturas dos cartões de crédito".

Entre novembro de 1997 e maio de 1999, a Chanani movimentou US$ 151,02 milhões. "Parte considerável dessa movimentação teve como origem o banco Deutsche Morgan Grenfell, em Jersey, e o UBS Bank", informam os peritos federais.