Título: `Vão ter de esperar até o final do meu mandato¿
Autor: Luciana Nunes Leal
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/09/2005, Nacional, p. A4

O presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), disse no início da noite de ontem, ao saber da divulgação pela revista Veja do documento assinado por ele em 2002, que só responderia à denúncia no Brasil. "Essa crise não existe, é uma crise criada. Eu não vou viver a crise que eles querem", afirmou, na porta do Hotel Park Lane, onde está hospedado em Nova York. Pela manhã, logo após desembarcar nos Estados Unidos - onde participará da eleição do presidente da União Interparlamentar -, Severino havia desafiado a oposição, garantindo que cumprirá todo o seu mandato. "Eles estão com muita sede da presidência da Câmara, mas terão de esperar um ano e meio, até o final de meu mandato."

Nessa primeira entrevista, antes da divulgação do documento pela revista, Severino indicava uma trégua com o dono do Restaurante Fiorella, Sebastião Buani. Comentou que, se pagar o que deve, Buani continuará com a concessão.

O acordo, destacou, seria fechado seguindo o regimento. "Ele tem um prazo para pagar. Se pagar o que deve, continua sem problemas. Mas tudo tem que ser feito de forma regimental. Eu não vou me meter." Após saber que Buani não havia confirmado o pagamento de propina, no dia anterior, Severino vibrou, avisando que vai processar a Veja e ganhar muito dinheiro: "Vou tirar muito deles."

Severino fez questão de ressaltar que não existe a hipótese de se afastar do cargo nem de renúncia - recado já dado aos deputados da oposição que o procuraram no Brasil. "Não me afasto e não tenho medo. Estão querendo é tomar a presidência da Câmara para eles."

MENSALÃO

O deputado repeliu as críticas de que não estaria preparado do ponto de vista moral e ético para enfrentar a crise. Ele garantiu que não quer impunidade para os acusados de receber o mensalão, explicando que apenas defendeu punições diferenciadas, dependendo do grau de culpabilidade. Destacou que o presidente da Comissão de Ética, Ricardo Izar, falou o mesmo: "Eu apanhei, ele não."

Amélia, sua mulher, comentou que Severino está sendo perseguido. "Eu entrego a Deus", desabafou.

O presidente da Câmara confidenciou que tem se apegado a São Severino e a Nossa Senhora, "um macho e uma fêmea", para ajudá-lo. Falou que essa não é a primeira vez vai a Nova York e, além das reuniões, pretende conhecer um pouco mais da cidade. "Vou curtir Nova York."