Título: Indústria se acomoda, mas está pronta para acelerar
Autor: Renata Veríssimo
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/09/2005, Economia & Negócios, p. B3

Depois da forte expansão no segundo trimestre, o setor industrial mostrou acomodação no ritmo de atividade em julho, segundo dados divulgados ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Mas as perspectivas para o resto do ano são favoráveis. Segundo Paulo Mol, da Unidade de Política Econômica da CNI, o crescimento do emprego industrial neste ano deve ser o maior desde 1992. Além disso, a indústria trabalha com um nível de capacidade que permite expandir a produção sem enfrentar gargalos.

Em julho, segundo a CNI, as vendas reais da indústria caíram 0,33% ante junho. Na comparação com julho de 2004, a queda foi de 2,91%. Essa redução decorre da valorização do real, que reduz o faturamento das empresas, e não da retração da atividade.

De acordo com a entidade, 30% do PIB industrial é gerado pelas exportações e, no fim de julho, o real acumulava valorização de 22% nos 12 meses anteriores. De janeiro a julho de 2005, as vendas cresceram 2,27% ante o mesmo período de 2004.

Os indicadores que refletem mais diretamente o ritmo da produção mantiveram-se positivos em julho. Com uma ligeira queda de 0,12%, o número de trabalhadores ficou praticamente estável ante junho. Em relação a julho de 2004, cresceu 3,94%. Em sete meses de 2005, o emprego no setor cresceu 5,94% ante o mesmo período de 2004.

Mol avaliou que o emprego deve manter-se estável durante o segundo semestre, num ritmo menor que o de 2004 e início de 2005. "O emprego cresceu muito em um ano e meio e agora deve se manter mais estável no segundo semestre", afirmou.

Se a previsão se confirmar, o indicador deve registrar alta de 4,3% em relação a 2004, o que seria um novo recorde. O último recorde ocorreu justamente no ano passado, quando o emprego industrial cresceu 3,5% em relação a 2003.

De acordo com a CNI, o número de horas trabalhadas na produção também registrou estabilidade em relação a junho, mas aumentou 2,78% ante julho de 2004.