Título: Varig recebe proposta de US$ 1,2 bilhão
Autor: Alberto Komatsu
Fonte: O Estado de São Paulo, 07/09/2005, Economia & Negócios, p. B13

A Fundação Ruben Berta (FRB), dona de 87% das ações da Varig, recebeu formalmente ontem uma proposta de investimento na companhia. Pelo plano apresentado, investidores italianos e americanos estão dispostos a investir até US$ 1,2 bilhão para adquirir o controle da FRB. O plano foi apresentado por Jaime Toscano, representante de um grupo de investimentos em capital de risco, cujo nome não foi revelado. Essa oferta surge no momento em que o conselho de administração da Varig, presidido por David Zylbersztajn, negocia a venda da VarigLog ao fundo americano de investimentos Matlin Patterson. Segundo o presidente da Varig, Omar Carneiro da Cunha, uma negociação não deveria ser impeditiva de outra, ou seja, o conselho continua negociando a VarigLog para poder fazer frente aos gastos com salários, manutenção e arrendamento de aeronaves.

"Qualquer proposta, desde que tenha início, meio e fim, com comprovação da origem dos recursos, nós e a fundação, vamos olhar", diz. A apresentação do plano foi feita aos curadores da FRB. De acordo com uma fonte que participa das negociações, caso a FRB-Par - braço de investimentos da fundação que detém as ações - assine o contrato, os investidores aplicariam US$ 60 milhões em 20 dias para melhorar o fluxo de caixa da Varig.

Em até 70 dias haveria desembolso de mais US$ 300 milhões em paralelo à realização de uma auditoria. Nesse período, as ações da Varig ficariam bloqueadas como garantia. O grupo também pode apresentar uma carta de fiança de US$ 640 milhões, cujo nome do banco não foi revelado.

"A quantia pode chegar a US$ 1,2 bilhão, vai depender dos esqueletos. Estamos preocupados com isso", diz a fonte. Segundo essa pessoa próxima às negociações, o plano é contratar duas consultorias para fazer uma auditoria: a brasileira Boucinhas & Campos e uma outra de Londres. "Os investidores não querem um centavo do governo. Para eles, o governo só atrapalha", acrescenta.

A participação da FRB na Varig seria reduzida para 10%. Caberia à fundação a manutenção de programas sociais e gestão dos recursos humanos da empresa, entre outras atividades, mas ela seria afastada da gestão. Segundo a fonte, o plano é reerguer a Varig em quatro ou cinco anos.

"Se a Casa Civil e o governo estivessem fora da busca de solução para a Varig, o problema já teria sido resolvido", diz. Segundo ele, a idéia é preservar todos os empregos, já que a idéia é expandir a companhia.

Toscano fez carreira como corretor do mercado de capitais. Segundo fontes do mercado, ele teria entrado nessa negociação e captado investidores após intermediação de Valter Cover, assessor especial do então ministro chefe da Casa Civil, José Dirceu.

Toscano foi procurado, mas não retornou até o fechamento desta edição. A oferta dos investidores italianos e americanos já havia sido apresentada à Justiça do Rio logo no início do mês.