Título: Sindicatos não aceitam que governo `volte atrás¿ na tabela
Autor: Jander Ramon
Fonte: O Estado de São Paulo, 09/09/2005, Economia & Negócios, p. B3

O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, reagiu à informação de que os ministérios da Fazenda e do Planejamento pretendem manter a alíquota de 27,5% da tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) no próximo ano, apesar de o Orçamento de 2006 indicar que a alíquota máxima do imposto seria de 25%. O presidente da segunda maior central de trabalhadores do País disse que o retorno para 25% da alíquota máxima do imposto é uma reivindicação antiga da central e, por isso, os sindicalistas não aceitarão que o governo "volte atrás" e exigirão a manutenção dos valores previstos no Orçamento.

Em relação à justificativa do governo dada ontem, de que teria ocorrido um equívoco por parte da Secretaria da Receita Federal (IRPF), que teria levado o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a incluir essa decisão entre as medidas de desoneração tributária, Paulinho foi ainda mais crítico.

"Pior do que não dar um presente para uma criança é dar e, depois, tomar de volta. Esperamos por muito tempo a volta da alíquota máxima para 25% e não podemos aceitar um retrocesso do governo neste momento", disse Paulinho. "Vamos fazer barulho, vamos para as ruas, mas não aceitaremos que o governo mantenha a política de apropriação do salário do trabalhador", complementou.

A irritação do sindicalista é potencializada pela demora do governo em negociar uma correção da tabela do IRPF para 2006. De acordo com ele, no ano passado, quando corrigiu a tabela do IRPF em 10%, o governo federal teria assumido o compromisso de promover novo reajuste este ano, com o índice referente à inflação total registrada durante a gestão do presidente Lula.

Na semana passada, durante encontro na sede da Força Sindical, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, garantiu que a tabela será corrigida este ano, mas preferiu não detalhar o índice que está em estudo.

"Cobraremos esta fatura do governo e, no nosso entendimento, em princípio, imaginamos um reajuste da tabela na casa de 13%. Também ficaremos atentos à correção dos valores de dedução do imposto, outro direito dos contribuintes e que desde o governo Fernando Henrique Cardoso tem sido esquecido ou deixado de lado."

O secretário-geral da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique da Silva Santos, também cobrou do governo nova correção da tabela do IR de acordo com a inflação deste ano.

Santos ressaltou ainda a necessidade da reforma tributária. Segundo ele, a CUT já enviou ao governo proposta de criação do imposto sobre grandes fortunas. A taxa seria cobrada de uma única vez e ajudaria a compor um fundo para ser revertido na valorização do salário mínimo.