Título: Crise política faz cair a confiança do consumidor
Autor: Márcia De Chiara
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/09/2005, Economia & Negócios, p. B5

A crise política já afeta a confiança do consumidor paulistano. O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) apurado pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio - SP) despencou neste mês e atingiu a menor marca desde abril do ano passado. Em setembro, o indicador ficou em 109,5 pontos, com recuo de 13,1% em relação a agosto (126,07). Na comparação com setembro do ano passado, quando o índice estava em 128,8, a queda foi ainda maior de, quase 15%. O ICC é um índice que varia numa escala de zero a 200. Acima de 100 indica otimismo, e abaixo dessa marca, pessimismo, diz a diretora da Assessoria Econômica da Fecomércio - SP, Fernanda Della Rosa. "Estamos nos aproximando do limite entre o pessimismo e o otimismo", observa. A Fecomércio consulta mensalmente 2 mil consumidores na Região Metropolitana de São Paulo.

A explicação dada pela economista para esse resultado é que a crise política afetou o humor do consumidor. Tanto é que houve queda no ICC de curto prazo e de longo prazo, de agosto para setembro. O maior recuo ocorreu no indicador das expectativas futuras. Em agosto esse indicador estava em 130,98 pontos e recuou para 113,5 em setembro, com retração de 13,3%. A confiança do consumidor no momento atual estava em agosto em 118,71 pontos e caiu para 103,6 este mês, com retração de 12,7%.

"Normalmente, o patamar do índice futuro é mais elevado do que o do índice presente. Mas hoje os dois indicadores estão no mesmo nível e isso preocupa", diz a economista. Ela destaca que nem mesmo a deflação registrada por vários indicadores de custo de vida atenuou as expectativas negativas. De toda forma, o ICC para as camadas de menor renda, que recebem menos de dez salários mínimos por mês, teve queda relativa menor se comparada às camadas de maior renda.

INADIMPLÊNCIA

Outra pesquisa divulgada ontem mostra que não é só o cenário político que afeta a confiança do consumidor. Em agosto, 2,94% dos cheques compensados no País foram devolvidos por insuficiência de fundos, segundo levantamento da Telecheque, empresa especializada em verificação e garantia de cheques. O calote no cheque no mês passado aumentou 9,2% em relação a julho e ficou 30,3% acima do registrado em agosto de 2004. Os dados da Telecheque são relativos aos volumes financeiros, não às quantidades de cheques devolvidos.

"O endividamento do consumidor atrelado aos juros altos e à grande oferta de crédito dificultou o cumprimento dos compromissos financeiros", observa o vice-presidente da Telecheque, José Antônio Praxedes Neto, assinalando que os indicadores de agosto ficaram bem acima das projeções.