Título: Mal da vaca louca faz UE rebaixar País
Autor: Fabíola Salvador
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/09/2005, Economia & Negócios, p. B6

A União Européia (UE) elevou de 1 para 2 a classificação de risco de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), o chamado mal da vaca louca, para o rebanho brasileiro. A informação foi divulgada pelo presidente do Fórum Nacional Permanente de Pecuária de Corte da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Antenor Nogueira, e confirmada por uma fonte do Ministério da Agricultura. A decisão foi comunicada pelo Grupo de Risco Geográfico da União Européia ao ministério na primeira quinzena de agosto. Técnico da Secretaria de Defesa Agropecuária explicou que o risco 1 significa "possibilidade desprezível da doença". Já o risco 2, no qual o Brasil está incluído desde agosto, significa que é improvável a existência de casos clínicos ou pré-clínicos da doença. "Na prática, essa classificação descarta a possibilidade de ocorrência", comentou o técnico.

De acordo com Nogueira, a União Européia mudou a classificação porque o Brasil deixou de fornecer informações técnicas sobre o rebanho nacional, como o destino de animais importados de países que possam ter registros do "mal da vaca louca".

O Brasil importou 4.200 bovinos, a partir de 1995, dos Estados Unidos e do Canadá, países em que foram registrados casos da doença . O governo tinha a intenção de rastrear esses animais até o momento do abate, como estratégia para prevenir a ocorrência do mal da vaca louca. Para isso, previa destinar entre R$ 300 mil e R$ 500 mil para a comprar os equipamentos necessários ao rastreamento.

O representante da CNA explicou que o risco 2 não impede o comércio de carne. A inclusão do País no degrau seguinte, o 3, impediria as exportações brasileiras. A União Européia é o principal importador de carne bovina "in natura" e industrializada do Brasil, comprando 34% da nossa produção, segundo dados do governo. Em 2004, as exportações para UE chegaram a US$ 943 milhões, o equivalente a 283,8 mil toneladas.

O Ministério da Agricultura não quis se pronunciar oficialmente ontem sobre o assunto. Para discutir a decisão da União Européia, os integrantes da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Carne Bovina vão se reunir no dia 27 com representantes do Ministério da Agricultura e da iniciativa privada. A idéia é tentar reverter a situação, disse Nogueira.