Título: Crise faz desabar confiança no presidente, mostra pesquisa
Autor: Carlos Marchi
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/09/2005, Nacional, p. A4

Quatro meses depois de começar, a crise do mensalão mostrou a sua força destrutiva sobre a confiança que o povo tem no presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no seu governo e no seu partido. A pesquisa CNT/Sensus divulgada ontem em Brasília mostrou que a desaprovação de Lula pelo eleitorado chegou ao ponto mais alto, em 2 anos e 8 meses de governo: 50% o aprovam (eram 59,9% em julho) e 39,4% o desaprovam (30,2% em julho). A avaliação positiva do governo caiu de 40,3% para 35,8% e a negativa subiu de 20% para 24%. O saldo positivo na relação aprova-desaprova, que era de 29,7 pontos porcentuais em julho (59,9% menos 30,2%), agora caiu para apenas 10,6 pontos porcentuais (50% menos 39,4%). Essa variação negativa de 19,1 pontos porcentuais na confiança do povo no presidente, em dois meses, corresponde a 12 milhões de eleitores que trocaram de lado no período (o eleitorado habilitado pelo TSE para votar o plebiscito do desarmamento é de 122.042.825 eleitores).

A crise afetou a confiança do povo na evolução da economia: 48,6% não confiam no desempenho econômico do País nos próximos seis meses, enquanto 41,2% confiam; 52,1%, acham que a economia não está sendo conduzida no rumo adequado; outros 34,9% acham que sim.

ELEIÇÃO

A pesquisa CNT/Sensus mostra que, um ano antes das eleições presidenciais de 2006, o jogo está literalmente empatado entre as dois principais figuras, até aqui. O prefeito José Serra (PSDB), de São Paulo, continua a ser o mais difícil adversário para Lula - os dois aparecem empatados numa simulação de segundo turno, Lula com 37,9% e Serra com 37,5% (a margem de erro da pesquisa é de 3 pontos, para mais ou para menos). Assim, Serra tirou em dois meses uma diferença de 13,6 pontos.

Os outros rivais potenciais de Lula melhoraram muito seus índices. Se o segundo turno fosse agora, Lula ganharia de Alckmin por 41,4% a 28%, de Aécio por 44,7% a 24,4% e de FHC por 44,3% a 24,9%. Comparados com os números da pesquisa anterior, Alckmin diminuiu a diferença (em números inteiros) de 27 para 13 pontos, Aécio de 34 para 20 e Fernando Henrique de 29 para 19.

Um resultado surpreendente foi a ascensão d a senadora Heloísa Helena (PSOL-AL), que foi de 11,9% em abril para 21,1%, num suposto segundo turno contra o presidente. Uma diferença que era de 45,8 pontos porcentuais caiu para 24,3 pontos.

O diretor da Sensus, Ricardo Guedes, chama a atenção para o fato de que os três principais candidatos - Lula, Serra e Alckmin - apresentam perfis muito semelhantes na pesquisa. Os três têm rejeições muito próximas (38,7% de Serra, 39,3% de Lula e 40,7% de Alckmin).