Título: CPI convoca chefe de gabinete da Presidência
Autor: Rosa Costa e Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/09/2005, Nacional, p. A5

O governo fracassou ontem na tentativa de impedir a CPI dos Bingos de convocar o chefe de gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Gilberto Carvalho, chamado a prestar depoimento amanhã sobre a morte do prefeito de Santo André, Celso Daniel, assassinado em janeiro de 2002. Em depoimento à CPI, o irmão do prefeito, o médico João Francisco Daniel, disse que ele e mais duas pessoas ouviram, em três ocasiões, o relato de Gilberto Carvalho sobre o esquema de propina que funcionava em Santo André para financiar as campanhas do PT. Caberia a ele, Gilberto, entregar o dinheiro do achaque a empresas contratadas pela prefeitura nas mãos do então presidente do PT, José Dirceu, como revelou João Francisco. O médico disse que em uma dessas vezes Dirceu teria recebido R$ 1,2 milhão de propina.

O Palácio do Planalto recebeu com surpresa a convocação de Carvalho, para a próxima quinta-feira. Apesar da derrota, havia o entendimento de que pelo menos o depoimento do chefe de gabinete do presidente Lula será em sessão fechada. Mesmo estando fora do Brasil, Lula passou o dia acompanhando os últimos acontecimento no País. Conversou com Gilberto Carvalho e com o ministro das Relações Institucionais, Jacques Wagner.

O vice-líder do PT, senador Tião Viana (AC) tentou limitar as explicações do chefe de gabinete de Lula a um depoimento escrito. O Planalto mobilizou a seu favor seis senadores aliados para barrar o requerimento da convocação, de iniciativa do relator Garibaldi Alves. O esforço falhou graças ao voto de minerva do presidente da comissão, Efraim Morais (PFL-PB), que desempatou o placar de seis a seis. Derrotou assim integrantes "fantasmas" da CPI, ausentes de todas as sessões, como Luiz Otávio (PA), Leomar Quintanilha (TO) e Valdir Raupp (RO), todos do PMDB.

O Planalto comemorou o adiamento da votação do requerimento de convocação do ministro da Fazenda, Antonio Palocci, para explicar as denúncias de que teria recebido dinheiro da empresa de coleta de lixo Leão Leão, quando era prefeito de Ribeirão Preto.

A CPI também convocou para depor Roseana Garcia, viúva do prefeito de Campinas, Antonio da Costa Santo, o Toninho do PT, assassinado em setembro de 2001.