Título: Buani promete mostrar hoje cheque da propina
Autor: Denise Madueño
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/09/2005, Nacional, p. A8

Depois de muito mistério, o empresário Sebastião Buani informou ontem, por meio de seu advogado, Sebastião Coelho, ter em mãos o cheque que, segundo ele, prova pagamento de propina ao presidente da Câmara, Severino Cavalcanti. Segundo pessoas que conversaram com Buani, o cheque está em nome de um dos dois irmãos que trabalham como motoristas de Severino, Paulo Sabino, que fez o saque na agência do Bradesco onde Buani tem conta, em Brasília. Para fazer a retirada, Sabino teria endossado (assinado atrás) o cheque. De manhã, Buani disse que o cheque é de R$ 7.500, foi assinado por ele em julho de 2003 e sacado no mesmo dia. Buani prometeu apresentar o documento às 11 horas de hoje. "Tenho certeza de que o cheque vai aparecer endossado por alguém do Severino", disse Buani ontem de manhã. "A verdade que ele sempre vem falando está confirmada, ele está seguro que é a prova da verdade e dará o esclarecimento final ao País", reforçou Coelho, pouco antes das 20 horas, na portaria do edifício onde vive o empresário. Desde o início das denúncias contra ele, Severino tem insistido em que não recebeu propina e o cheque não existe.

A notícia sobre o cheque foi precedida por muita confusão. Às 15h30, o gerente do Bradesco Astrogildo Nascimento disse que toda a documentação pedida fora entregue a Buani. Mas uma pessoa próxima do empresário disse que ele recebeu cópia do cheque na noite de segunda-feira. Às 16h40 Buani desapareceu e só deu notícias à mulher, Diana, às 18 horas. Disse estar em local seguro, mas "muito nervoso, muito pressionado", segundo Diana. Pouco depois das 19h30, deu mais um sinal de vida: conversou com o advogado por telefone e disse estar na casa de um amigo.

Coelho já tinha até pedido ao delegado da Polícia Federal Sérgio Menezes, que investiga o caso, que escalasse uma equipe para localizar Buani. "Temo pela vida dele, a pressão está enorme, vocês não têm idéia", afirmava. Diana dizia que nunca vira o marido tão "perturbado". "Estou nervosa", repetia, consolada por vizinhos na portaria.

"Buani disse que se recolheu porque tem ciência da grande responsabilidade que ocasionará para este país e decidiu meditar, falar com Deus, na beira do lago", explicou o advogado.

Ontem cedo, o único restaurante na Câmara que restou a Buani, o Fiorella, foi fechado pelo Departamento de Material e Patrimônio. Mas foi reaberto às 11h50, quando o diretor, Mauro Limeira Mena Barreto, reconheceu que houve uma "falha de comunicação" com a Assessoria Jurídica da Casa.