Título: Coronel que prendeu petista em 1972 é expulso da sessão
Autor: João Domingos e Cida Fontes
Fonte: O Estado de São Paulo, 14/09/2005, Nacional, p. A9

O coronel da reserva do Exército Lício Augusto Maciel, responsável pela prisão de José Genoino em 1972, foi expulso ontem da sala da CPI do Mensalão pelo presidente da comissão, senador Amir Lando (PMDB-RO). "Saia, saia imediatamente, e agora", disse Amir Lando. Maciel fora levado ao plenário da CPI pelo deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), capitão da reserva do Exército. Ele era major em 1972 e foi o responsável pela prisão de Genoino, no início da repressão à Guerrilha do Araguaia, movimento armado feito pelo PC do B até 1975 nas selvas do sul do Pará e norte de Goiás.

"Como qualquer cidadão brasileiro, vim assistir ao depoimento dele na CPI", disse o coronel, depois de expulso. Lando afirmou que retirou o militar de dentro da sala porque "O coronel estava aqui para fazer tortura psicológica. Ele queria empunhar a bandeira da tortura dentro da CPI. Isso não vou permitir", disse Lando.

Depois da expulsão do coronel, Bolsonaro retornou à sala da CPI. Aguardou por quatro horas a sua vez de perguntar. Indagou a Genoino se o dinheiro da Guerrilha do Araguaia vinha da Rússia e de Cuba. Disse que uma vez recebeu a oferta de indicar o superintendente do Aeroporto Santos Dumont, no Rio, para em troca votar com o governo na reforma da Previdência. E que recusou. Genoino lhe respondeu: "Meu relacionamento com o senhor é o silêncio absoluto, em nome da ética e do decoro parlamentar."