Título: Creuza vive com 15 em apenas um cômodo
Autor: Wilson Tosta
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/09/2005, Metrópole, p. C6

VIDA NA FAVELA: Creuza Rosa nasceu em 1946, ano em que a Avenida Brasil foi concluída. E vive até hoje às margens do principal acesso ao Rio, num barraco de dois cômodos - um é o banheiro, o outro é usado como quarto, sala e cozinha. Divide o espaço com 8 de seus 12 filhos e 7 dos 22 netos. Como Creuza, quase 1 bilhão de pessoas vivem em favelas e áreas invadidas, segundo o relatório do Hábitat. Passam na porta da casa de Creuza 250 mil veículos por dia."O que a gente queria mesmo era comprar um barraco longe do asfalto", diz Lucilene Rosa da Cruz, filha de Creuza. "Mas estão querendo de R$ 5 mil a R$ 8 mil." O policial aposentado Hugo Simas de Carvalho, de 60 anos, não conseguiu casa própria. Mas tem vista privilegiada - a Praia da Urca, onde os apartamentos custam R$ 800 mil. Carvalho vive sob a calçada da praia, numa casa improvisada onde havia cabines para banhistas. Para driblar o calor provocado pela falta de janelas, instalou ar condicionado. "A prefeitura me ofereceu casa de dois quartos num conjunto habitacional, mas me assustei com a malandragem. Prefiro ficar aqui."