Título: Oposição vota caso Jefferson e mantém ataque a Severino
Autor: Denise Madueño
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/09/2005, Nacional, p. A6

Os partidos de oposição mudaram de tática na guerra contra o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), e vão participar da sessão de amanhã da Câmara marcada para votar o pedido de cassação do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ). O boicote anunciado inicialmente para todas as sessões em que Severino estiver presente será transformado em uma manifestação de repúdio ao presidente da Câmara no plenário. Hoje, os partidos se reúnem para concluir o pedido de cassação do mandato do presidente da Câmara que deverá ser enviado até amanhã ao Conselho de Ética.

A oposição justificou o recuo no boicote das sessões com o argumento de que a obstrução dos partidos poderia favorecer a absolvição de Roberto Jefferson. Para cassar o deputado, são necessários 257 votos do total de 513 deputados. "Vamos cassar quem tiver de ser cassado e tornar a vida dele (Severino) insuportável na presidência", afirmou o deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), um dos articuladores do movimento pela saída de Severino. "Vamos deixar claro a nossa inconformidade com o presidente, mas não podemos fazer o jogo do adversário que não quer punir ninguém", afirmou o deputado Jutahy Júnior (PSDB-BA).

Os partidos tomaram essa decisão preocupados com a repercussão que o boicote ao julgamento de Jefferson teria na opinião pública. Eles avaliaram que Severino poderia usar o fato a seu favor e se transformar em vítima. "Não podemos dar essa arma a ele", afirmou o deputado Antonio Carlos Magalhães Neto (PFL-BA).

PT EM XEQUE

"O PT vai estar em xeque. Terá a oportunidade de decidir se é o partido que se abraça aos corruptos ou se vai começar a se redimir e assinar a representação", disse ACM Neto.

A assinatura de partidos da base na representação dará um caráter maior ao movimento, aumentando a pressão sobre Severino.

Ontem, o deputado Gabeira e o líder da oposição, deputado José Carlos Aleluia (PFL-BA), depois de conversas com parlamentares peemedebistas, contabilizaram o apoio de parte do PMDB, a que faz oposição ao governo.

Na avaliação da oposição, apenas o PL, o PTB e o PP, partido de Severino, deverão ficar de fora do movimento.