Título: Carlos Rodrigues, do PL, renuncia
Autor: Ana Paula Scinocca
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/09/2005, Nacional, p. A7

Com o ato, ele se livra de uma possível cassação e, com isso, poderá se candidatar novamente nas eleições do ano que vem A crise do mensalão fez ontem a segunda vítima no Congresso. O deputado Carlos Rodrigues (PL) - ex-bispo da igreja Universal do Reino de Deus - renunciou ao mandato para o qual foi eleito com mais de 192 mil votos, seguindo o mesmo caminho do presidente do PL, Valdemar Costa Neto, que abriu mão do mandato em 1º de agosto. Rodrigues nem veio a Brasília para apresentar a renúncia. Mandou um assessor entregar o requerimento na SecretariaGeral da Mesa às 11h59 de ontem. Menos de três horas depois, às 14h25, o texto foi lido em um plenário com apenas três parlamentares, além do segundo vice-presidente corregedor, deputado Ciro Nogueira (PP-PI), que presidia a sessão.

ESCAPADA

Com a renúncia, ele escapou do processo de cassação que seria iniciado com a indicação de seu nome ao Conselho de Ética da Câmara por quebra de decoro.

O deputado fluminense aparece na lista das CPIs dos Correios e do Mensalão, e também no relatório da Comissão de Sindicância instalado pela Corregedoria da Câmara, com outros 17 deputados acusados de envolvimento no esquema de mesada no Congresso.

Segundo o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, apontado como o operador do mensalão, Rodrigues teria recebido R$ 400 mil das contas de suas agências de publicidade. Rodrigues nega: admite ter sacado R$ 250 mil, a mando de Valdemar Costa Neto. O dinheiro teria sido destinado, segundo ele, ao pagamento de despesas de campanha.

Segundo funcionários do PL, o agora ex-deputado passou o dia ontem no Rio, dando expediente normal na sede fluminense do partido. Com a renúncia, Rodrigues se livrou de uma punição no âmbito do Congresso e agora poderá se candidatar em 2006. Se não abrisse mão do mandato e fosse cassado, se tornaria inelegível por um período de oito anos após o término do mandato, ou seja, até fevereiro de 2015.

Para escapar à cassação, os 'cassáveis' devem renunciar ao mandato antes da abertura de processo contra eles pelo Conselho de Ética da Câmara.

A vaga de Rodrigues será ocupada pelo suplente Reinaldo Gripp Lopes, que alcançou pouco mais de 28 mil votos em 2002. Antes de aparecer como envolvido no esquema do mensalão, Rodrigues teve seu nome citado no escândalo do exassessor parlamentar da Casa Civil Waldomiro Diniz, em 2004.