Título: Globo nega ter obtido privilégio
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Fonte: O Estado de São Paulo, 13/09/2005, Nacional, p. A11

A Rede Globo considera não ter ocorrido irregularidade na matéria veiculada sábado, no Jornal Nacional, na qual um repórter da emissora acompanhou, vestido com uma roupa parecida com a dos agentes da Polícia Federal, a prisão de Flávio Maluf, filho de Paulo Maluf. Em nota, a Globo afirmou: 'Cesar Tralli, que cobre as investigações há mais de cinco anos, fez apenas o seu trabalho, com a competência que tem demonstrado em toda a sua carreira.' O diretor de jornalismo da Globo de São Paulo, Luiz Claudio Latgê, acrescentou que Tralli não vestiu o uniforme da PF, mas sim um colete utilizado normalmente por fotógrafos. 'Se entrou no carro dos policiais e teve acesso a informações que outros jornalistas não tiveram, mérito dele.'

A PF abriu sindicância para apurar se o repórter teve algum tipo de privilégio na cobertura e se houve irregularidades na prisão de Flávio. O Estado procurou o delegado que conduziu o inquérito, Protógenes Queiroz, mas ele não foi encontrado.

De acordo com a assessoria de imprensa do Ministério da Justiça, a sindicância deve apurar se houve infração a dois itens da portaria do dia 30 de junho de 2005, que regulamenta a forma como a PF deve realizar buscas e apreensões.

A portaria em questão define, por exemplo, que a ação deve ocorrer 'de maneira discreta' e 'sem a presença de pessoas alheias ao cumprimento à diligência'.

Determinações que contrariam o que se viu sábado. Tralli não só filmou a operação, entrou no carro dos policiais e ainda falou com Flávio a pedido de seu advogado, José Roberto Batocchio - que não retornou à ligação do Estado.