Título: Para Palocci, déficit pode zerar em 5 anos
Autor: Renée Pereira
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/09/2005, Economia & Negócios, p. B3

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, afirmou ontem, em São Paulo, que, se o Brasil persistir no esforço fiscal, poderá ter o chamado déficit nominal zero [TEXTO]em cinco anos. ¿Se tivermos um acompanhamento fiscal adequado, vamos eliminar o déficit nominal e a trajetória da dívida poderá cair, trazendo benefícios bastante importantes para a economia brasileira¿, acrescentou ele, durante o 2º Fórum de Economia, da Fundação Getúlio Vargas.

Segundo o ministro, o País está num momento privilegiado e, com pequenos ajustes, poderá experimentar um surto de crescimento de longo prazo. ¿O esforço fiscal deve presidir a política econômica brasileira¿, completa ele. Palocci esclareceu, porém, que a obtenção do déficit zero seria apenas uma conseqüência de longo prazo da adoção do rigoroso sistema de geração de superávit primário.

Mas ele deixou claro também que o governo não pretende alcançar saldos positivos com elevação da carga tributária. Para isso, citou o ministro, pela primeira vez foi determinado na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2006 um limite de 16% para a carga administrada pela Receita Federal.

¿Mas nós não estamos pondo limite para as receitas previdenciárias, que têm um déficit grande. Achamos que a estrutura da Previdência deveria ser melhorada para arrecadar mais e combater o déficit.¿

Sobre política monetária, o ministro elogiou o trabalho do Banco Central (BC) no controle da inflação e disse que o IPCA deve fechar o ano em 5,2%. ¿Embora alguns tenham alegado que o aumento do núcleo não era de demanda, havia a necessidade de ação forte do BC.

Houve piora dos números no fim do ano passado e no início deste ano.¿ Durante o evento, o ministro afirmou também que a expansão das exportações não resulta apenas do aumento dos preços das commodities, como alegam alguns economistas. O que há é um esforço das empresas brasileiras para se tornarem exportadoras.

¿Dizem, simplesmente, que Deus nos ajudou. Deus pode ter um papel em tudo, como sempre, mas o que de fato está crescendo mais não é o preço dos produtos, mas o quanto está sendo exportado¿, disse.

O ministro ainda defendeu maior abertura da economia e falou em concentrar esforços para reduzir as tarifas de importação na Organização Mundial do Comércio (OMC).