Título: Centro de Solidariedade ao Trabalhador fecha as portas
Autor: Cleide Silva
Fonte: O Estado de São Paulo, 13/09/2005, Economia & Negócios, p. B7

A Força Sindical suspendeu, hoje, as atividades do Centro de Solidariedade ao Trabalhador que atendia diariamente desempregados em busca de trabalho. As sete unidades instaladas em São Paulo e Pernambuco recebiam em média 7 mil pessoas por dia. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) vai manter seus cinco postos até 15 de outubro. Se não conseguir verba também poderá suspender atividades de atendimento a cerca de 1,6 mil pessoas ao dia. A Força informou não ter condições de manter os centros sem verbas do governo federal. Os repasses do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), que respondiam por 80% das despesas dos centros, estão suspensos há dois meses. O Tribunal de Contas da União (TCU) deve realizar reunião amanhã para tentar solucionar o problema.

Segundo o presidente da Força, Paulo Pereira da Silva, os 420 empregados dos centros que foram suspensos realizam hoje passeata de protesto.

"Esperamos que a interrupção seja temporária. O governo precisa se sensibilizar pois é um serviço importante para os desempregados", diz Silva. Segundo ele, ontem havia estoque de 5.733 vagas a serem oferecidas. A Força calcula ter atendido, em sete anos, 11,6 milhões de trabalhadores e 445,5 mil foram empregados. A CUT informa que, em 2004, cerca de 20 mil pessoas que procuraram seus centros na Grande São Paulo encontraram empregos formais.

A Força deveria receber R$ 12,4 milhões este ano em verbas para treinamento, captação de vagas e encaminhamento de desempregados. Para a CUT, a verba prevista era de R$ 4 milhões. Outras entidades também tinham direito ao repasse.

O TCU determinou a suspensão do repasse de recursos do FAT para as centrais em agosto de 2003 após constatar irregularidades no uso do dinheiro nos programas de qualificação profissional, ainda sob investigação.

Verbas para serviços de intermediação de vagas e treinamento continuaram sendo repassadas pelo Ministério do Trabalho, mas recentemente também foram suspensas por determinação da Controladoria Geral da União (CGU), que entendeu tratar-se de um mesmo processo. As centrais alegam que, nessa área, estão com as contas aprovadas e haviam se comprometido a solucionar as denúncias anteriores.

"Estamos com pagamentos de contas de água, luz e telefone atrasadas", afirma Silva. A CUT vai usar recursos próprios até o próximo mês, quando espera que o problema esteja resolvido.