Título: Investidor já espera editais das PPPs
Autor: Renée Pereira
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/09/2005, Economia & Negócios, p. B1

Investidores e representantes do setor de infra-estrutura receberam com euforia a regulamentação, na quinta-feira, do fundo garantidor dos projetos das Parcerias Público-Privadas (PPPs) e já se preparam para o lançamento dos editais. Depois de dois anos de discussão e muita descrença, o programa volta a ter a confiança dos empresários, que apostam neste novo mecanismo para reduzir os entraves da infra-estrutura. "Finalmente, tivemos uma boa notícia. As parcerias têm tudo para dar uma agitada no mercado", afirma o vice-presidente da Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base (Abdib), Ralph Lima Terra. Na avaliação dele, a regulamentação foi muito bem feita e os ativos que compõem o fundo garantidor têm qualidade muito boa. "Isso tende a atrair mais investidores."

A carteira de projetos das PPPs deve começar com dez empreendimentos, sendo cinco prioritários: Ferrovia Norte-Sul, trecho Estreito-Gurupi (TO); Ferroanel de São Paulo, trecho norte; trecho ferroviário Guarapuava-Ipiranga (PR); BR-116/BR-324; e arco rodoviário do Rio de Janeiro. O custo é estimando em R$ 4,1 bilhões.

O presidente da MRS Logística, Julio Fontana Neto, espera ser um dos primeiros contemplados com a PPP. Segundo ele, a empresa já tem todo o projeto, estudo de mercado e processos ambientais do Ferroanel de São Paulo.

O empreendimento, que está na área de concessão da ferrovia, deve trazer ganhos significativos para a companhia. Isso porque vai pôr fim a um dos maiores gargalos do País: o compartilhamento de linhas entre o transporte de carga, da MRS, e o de passageiro, da CPTM, diz Neto.

A América Latina Logística (ALL) também já iniciou o projeto da obra ferroviária Guarapuava-Ipiranga, que deve elevar a capacidade de carga com destino ao Porto de Paranaguá, afirma o gerente-financeiro da companhia, Carlos Augusto Moreira. Segundo ele, a empresa tem mantido conversas com o governo sobre os estudos de viabilidade econômico-financeira e de licenciamento ambiental.

As PPPs também deverão ser disputadas pelos fundos de pensão. Segundo o diretor-financeiro e de investimentos da Petros, Ricardo Malavazi, a empresa já criou um fundo voltado a projetos de infra-estrutura. Sobre os empreendimentos mais atrativos, porém, ele afirma que ainda precisa avaliar os editais, que devem sair até o final deste ano. Apesar disso, o executivo argumentou que a qualidade das garantias dadas pelo governo tranqüiliza o investidor.

O presidente do Sindicato Nacional da Indústria da Construção Pesada (Sinicon), Luiz Fernando Santos Reis, também elogiou a regulamentação do fundo. Segundo ele, que representa as maiores construtoras do Brasil, como Odebrecht e Andrade Gutierrez, o interesse dos investidores nos projetos de PPPs é grande.