Título: Carga ocupa mais espaço nos trens
Autor: Gerusa Marques
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/09/2005, Economia & Negócios, p. B4
BRASÍLIA - O transporte ferroviário de cargas cresceu no ano passado 12,6% em relação a 2003, alcançando 206 bilhões de toneladas por quilômetro útil (TKU), considerado um marco histórico pelo diretor-geral da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), José Alexandre Resende. Ele, que divulgou ontem um balanço do setor, prevê que esse porcentual de crescimento se repita neste ano e chegue a 20% em 2006. Foi registrado também um aumento de 76,3% no volume de investimentos no setor, que alcançou, em valores correntes, R$ 1,89 bilhão em 2004. Os recursos foram aplicados principalmente em trens e vagões, que receberam R$ 1,2 bilhão. Também houve investimento de R$ 437 milhões em infra-estrutura.
Já o índice de acidentes caiu 11,1% ante 2003. Em 2004, houve 32 acidentes por milhão de trens/km ante 36 em 2003. A frota alcançou, em 2004, 2.125 locomotivas e 74.400 vagões. Somente no ano passado, foram adquiridos 5.905 vagões e 202 locomotivas. Segundo Resende, em 2005, somente a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) já comprou 122 locomotivas e 5.414 vagões neste ano.
O aumento na produção dessa modalidade de transporte já vinha sendo verificado ao longo dos últimos anos, mas em proporções menores. Em 2003 foram transportadas 183 bilhões de TKU e, nos anos anteriores, 170 bilhões de TKU (2002) e 162 bilhões de TKU (2001). De janeiro a junho de 2005, a produção de transporte foi de 105 bilhões de TKU.
Essa evolução do transporte ferroviário poderia ter sido ainda maior, segundo Resende, se as empresas que compõem a Brasil Ferrovias (Ferroban, Novoeste e Ferronorte) não tivessem apresentado resultado negativo. Em maio, o governo anunciou a reestruturação da Brasil Ferrovias, com financiamento do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e capitalização pelos acionistas.
Os reflexos da reestruturação, diz Resende, começarão a ser sentidos no fim do ano e em 2006. "O ano que vem será de forte crescimento." Resende disse que esse crescimento está sendo possível porque o setor passou por um saneamento, no fim de 2003 e no início de 2004, com novas regras. "Isso deu maior estabilidade ao setor."
O resultado da estabilidade, segundo Resende, é que as empresas estão firmando contratos mais longos, de cerca de 10 anos, ante a contratos de um a três anos, firmados anteriormente. Os contratos mais longos podem ser dados como garantia, facilitando os empréstimos.
O governo já anunciou a expansão das ferrovias Transnordestina, Norte-Sul e Ferronorte, o que ampliará em 5 mil km a atual malha ferroviária, 28 mil km.