Título: Emprego e salário na indústria mostram acomodação em julho
Autor: Jacqueline Farid
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/09/2005, Economia & Negócios, p. B6

RIO - O mercado de trabalho industrial respondeu à desaceleração da atividade do setor com acomodação em julho, quando a ocupação ficou estável (variação zero) ante junho. A folha de pagamento real caiu 0,1% no mês, completando um quadro de piora nos indicadores do emprego, avalia Isabela Nunes Pereira, economista do IBGE. "Como conseqüência do baixo dinamismo da produção do setor industrial, há também um baixo dinamismo do emprego nas indústrias", afirma em documento o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). A avaliação de piora do mercado ocorre apesar dos crescimentos de 1,1% na ocupação ante julho de 2004 e de 3,1% da folha de pagamento nessa base de comparação.

Para Isabela, a tendência de queda no número de ocupados revelada pelo índice de média móvel trimestral - considerado o principal indicador de tendência - mostra que o emprego do setor está respondendo, com a tradicional defasagem, à estagnação da produção no primeiro trimestre. O trimestre encerrado em julho teve queda de 0,2% ante o terminado em junho.

Segundo ela, o ajuste do mercado de trabalho em relação à recente desaceleração da indústria ocorreu no número de horas pagas, que responde mais rapidamente aos movimentos da produção e tem maior volatilidade. Em julho, o número de horas pagas na indústria caiu 1,2% ante junho. "Isso pode mostrar que algumas empresas,num cenário de expectativas mais pessimistas, esperam um cenário mais definido para contratar ou demitir."

Para Isabela, a estagnação do emprego industrial em julho ante junho ocorre porque os setores que estão aumentando a produção e contratando não são os que empregam mais, ou seja, mesmo que contratem, o número não é bastante para provocar reação no mercado de trabalho. Setores que empregam mais, como calçados e têxtil, têm reagido devagar.

Para o Iedi, os dados da massa salarial "confirmam a percepção de um cenário industrial que não pode ser considerado favorável". Além disso, os economistas da instituição avaliam que resultados do mercado de trabalho industrial em julho "constituem também um indicador a mais de que a política monetária poderia de fato ter iniciado antes o processo de redução dos juros, além de ter dado maior intensidade à queda da taxa básica decidida pelo Banco Central".