Título: Janene desviou R$ 7,8 milhões no Paraná, aponta MP
Autor: José Antonio Pedriali
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/09/2005, Nacional, p. A11

Em 11 processos diferentes, o Ministério Público do Paraná acusa o líder da bancada do PP na Câmara dos Deputados, José Janene (PR), de desviar R$ 7,8 milhões da prefeitura de Londrina entre 1997 e 1999, aliado ao então prefeito Antônio Belinati, que depois foi cassado, acusado de desviar R$ 30 milhões, segundo denúncia feita esta semana pela revista Isto É. No dia 22 de junho o Estado já tinha informado que o MP do Paraná acusara Janene de receber propina de empresas londrinenses. Janene foi acusado por Roberto Jefferson (PTB-RJ) de ser um dos operadores do mensalão e de ter recebido R$ 4,1 milhões do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza. No total, ele responde a 11 ações civis públicas no Paraná e outras em Rondônia. Se for cassado em Brasília, perderá direito ao foro privilegiado . Segundo a Isto É, apenas a mulher de Janene, Stael Fernanda Lima Janene recebeu, entre 1997 e 1999, numa conta do Bradesco, R$ 393 mil. Além de outros desvios, Janene teria recebido um mensalinho de R$ 21 mil por intermediar serviços para as empresas Tâmara Serviços Técnicos S/C e Principal Vigilância S/C na prefeitura de Londrina, à época em que Belinati era prefeito.

`PERSEGUIDO¿

Os pedidos de ações do MP contra Janene estão na Corregedoria da Câmara e na Procuradoria-Geral da República, além de processos que já estão no STF. Quando o MP entrou com as ações, Janene negou sua participação no esquema e se disse ¿perseguido¿ pelo MP porque move mais de duas dezenas de processos contra procuradores, além de ter pedido, em 2000, a abertura de uma CPI para apurar as atividades deles.

O ex-prefeito Belinati, que se filiou recentemente ao PP, foi cassado em 2000, cumpriu duas penas de prisão temporária, mas disputou a eleição municipal do ano passado e ainda conseguiu ficar em segundo lugar. Ele e Janene estão com os bens pessoais bloqueados. Segundo o MP, o desvio de recursos foi maquiado por vários processos fraudulentos de licitação, montados para ¿esquentar¿ a saída de dinheiro.

O esquema, de acordo com o MP, envolvia a participação de várias empresas e pessoas, que cederam seus nomes para viabilizar a saída dos recursos. Dois órgãos públicos foram usados pelo esquema ¿ a Autarquia do Meio Ambiente e Companhia Municipal de Urbanização (hoje Companhia Municipal de Transportes e Urbanização).

Um ex-diretor da Comurb, Eduardo Alonso, apesar de indicado ao cargo por Janene, entregou o esquema fraudulento depois de negociar, com o MP, o benefício da delação premiada. Alonso contou que ele mesmo entregava a vereadores de Londrina um envelope preto com propina para não denunciarem o esquema. Os vereadores que estão na Câmara até hoje negaram a acusação.