Título: Não haverá maioria na Alemanha
Autor:
Fonte: O Estado de São Paulo, 17/09/2005, Internacional, p. A19

BERLIM - A última pesquisa de opinião sobre as eleições de amanhã na Alemanha garante que nenhuma das duas coalizões partidárias concorrentes terá maioria parlamentar. Divulgado ontem pela rede de televisão RTL, o estudo do Instituto Forsa diz que o Partido Social-Democrata, do chanceler Gerhard Schroeder, contaria com o apoio de 34% do eleitorado - 1 ponto porcentual a menos que na segunda-feira. Seus aliados verdes teriam no máximo 7%. A oposição democrata-cristã CDU-CSU mantém a mesma posição verificada na segunda-feira: 42%. Seus tradicionais aliados, os liberais, obteriam 7% dos votos.

"Foram ouvidos 2,4 mil eleitores entre os dias 12 e 15 e a margem de erro de nossa pesquisa é de 2,5", assegurou o diretor do Forsa, Manfred Guller.

O instituto manteve a previsão apesar do grande número de indecisos que ele estima hoje em 25% do eleitorado. "Embora muitos dos que ainda não sabem em quem votar devam abster-se, não há dúvida de que os indecisos continuarão sofrendo o assédio dos candidatos até o último momento ", acrescentou.

Para o diretor do Forsa, o Partido da Esquerda, aliança formada por dissidentes social-democratas liderados por Oskar Lafontaine, e comunistas, pode se converter no fiel da balança. O instituto constatou que essa frente teria entre 7% e 8% das intenções de voto. Guller não afastada a hipótese de que a aliança esquerdista seja atraída por qualquer uma daquelas coalizões, interessadas numa maioria parlamentar suficiente para formar um governo.

Mas os analistas consideram que preço político dessa operação certamente seria muito elevado, principalmente para a aliança conservadora. Por isso, eles não descartam a hipótese de uma grande coalizão entre os social-democratas de Schroeder e os tradicionais rivais democrata-cristãos.

Os dois líderes evitavam falar nessa possibilidade. E ontem, procuravam intensificar suas campanhas para conquistar os votos dos indecisos.

Schroeder escolheu Frankfurt para fazer seu último discurso. Ele falará aos eleitores hoje, no centro da cidade, e deverá reiterar os ataques à oposição democrata-cristã, principalmente na área econômica. O foco de Schroeder é um polêmico e impopular imposto único sobre salários de 25%, defendido pela rival conservadora.

Merkel, por sua vez, elegeu Bonn para seu derradeiro contato com os eleitores. E não deixará por menos, responsabilizando o adversário social-democrata pela recessão, desemprego e uma astronômica dívida pública.

O resultado das eleições sairá no domingo à noite, pouco depois do fechamento dos postos de votação, apesar do adiamento do pleito no Distrito de Bremen para 2 de outubro.

A decisão foi adotada pelo Tribunal Constitucional, que indeferiu recurso apresentado por vários partidos pedindo o adiamento da divulgação do resultado da apuração para outubro.

As agremiações alegavam que os 260 mil eleitores do Distrito de Bremen conhecendo por antecipação os números das eleições de amanhã votariam sob influência do que ocorreu no resto do país.

Embora tenham julgado improcedentes os argumentos, os juízes deixaram aberta a porta aos partidos para novos recursos.