Título: Reunião da ONU termina com avanços modestos
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Fonte: O Estado de São Paulo, 17/09/2005, Internacional, p. A22

NOVA YORK - Os líderes mundiais aprovaram ontem à noite na ONU um plano de reformas que não contém as mudanças radicais propostas pelo secretário-geral Kofi Annan para combater a pobreza, o terrorismo e as violações dos direitos humanos. Ao fim da maior reunião de cúpula da história, os líderes de 151 dos 191 países membros da ONU aprovaram por consenso ¿ com polidos aplausos ¿ um documento de 35 páginas no qual reiteram o compromisso feito em 2000 de reduzir pela metade a pobreza no mundo até o ano de 2015 e anunciam a criação de uma ¿comissão de construção da paz¿ para ajudar países a sair de conflitos. No documento, os governos também aceitam a responsabilidade coletiva internacional de proteger pessoas de genocídio, crimes de guerra e limpeza étnica ¿ o que Annan saudou como um grande avanço. O objetivo é impedir a repetição de atrocidades como as ocorridas nos anos 90 em Ruanda, na Bósnia e em Kosovo.

Os líderes também condenaram o terrorismo ¿em todas suas formas e manifestações, independentemente de quem o comete, onde o comete e com qual objetivo¿.

Não houve, porém, acordo para a ampliação do Conselho de Segurança das Nações Unidas nem para a adoção de uma estratégia comum para impedir a proliferação de armas nucleares.

¿A perspectiva de que armas de destruição em massa sejam usadas novamente é aterradora¿, lamentou o presidente da Assembléia-Geral da ONU, o primeiro-ministro sueco, Goran Persson. ¿Nosso fracasso em lidar com a ameaça representada por tal armamento deixa-nos com uma tarefa crucial pela frente.¿

A maioria dos países, entretanto, saudou o documento, que até a véspera corria o risco de não ser aprovado por causa das amplas divergências entre os membros da ONU. ¿O documento resultante é um paso importante no longo processo de reforma das Nações Unidas¿, afirmou o embaixador americano John Bolton. ¿Não podemos permitir que o esforço de reforma saia dos trilhos.¿

Pouco antes da aprovação da declaração final, o chanceler venezuelano, Alí Rodríguez, criticou os procedimentos de negociação, afirmando que poucos países puderam participar da redação do documento. ¿Foi grotesco e antidemocrático¿, afirmou Rodríguez.