Título: G-4 reapresentará hoje plano de reforma da ONU
Autor: Paulo Sotero
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/09/2005, Internacional, p. A19

Os governos do Brasil, Japão, Índia e Alemanha reapresentarão um projeto de resolução sobre a ampliação do Conselho de Segurança das Nações Unidas durante a 60.ª Assembléia-Geral da organização, que se instala hoje. O momento e a linguagem exata da nova proposta dependerão de consultas que o Grupo dos Quatro (G-4) reiniciará com os países africanos e outras nações. O anúncio foi feito ontem pelo ministro das Relações Exteriores da Índia, Natwar Singh, após reunir-se com os chanceleres do Brasil, Celso Amorim, do Japão, Nobutaka Machimura, e o embaixador da Alemanha na ONU, Gunter Pleugen , na sede da missão indiana junto à organização, para fazer um balanço da estratégia conjunta que os quatro países adotaram no ano passado para buscar o objetivo comum de ganhar cadeiras permanentes num conselho mais representativo das realidades internacionais do século 21.

Bloqueado por China, EUA e alguns países que não têm chances de pleitear uma cadeira própria num conselho ampliado, como Argentina, México, Paquistão e Egito, o primeiro projeto de reforma introduzido pelo G-4 no início do ano não foi submetido a votação e o próprio conceito da ampliação do conselho acabou não entrando no documento político que os líderes de 170 dos 191 países membros da ONU divulgaram ontem, ao final de uma esvaziada reunião de cúpula convocada para marcar os 60 anos de fundação da ONU.

"O G-4 existe", afirmou Singh. "A Índia escolhe o G-4", reiterou, respondendo a uma pergunta do Estado sobre a declaração feita esta semana por um representante da China, que praticamente condicionou o apoio de Pequim à ambição indiana de ascender ao Conselho de Segurança à saída do país do G-4. Por razões históricas e de poder regional, a China afirma que o Japão é um país "não qualificado" para ter lugar próprio num conselho ampliado e opõe-se a qualquer iniciativa sobre o tema que inclua Tóquio.

Em seu discurso na ONU, o presidente chinês, Hu Jintao, pediu uma "racional e necessária reforma para manter a autoridades das Nações Unidas, melhorar sua eficácia e fortalecer sua capacidade de enfrentar novas ameaças e mudanças".

Celso Amorim disse que continua confiante do sucesso da estratégia do G-4. "Este é um momento de reforma da ONU", disse, referindo-se às propostas, como a reformulação da administração da organização e a criação de um Conselho de Direitos Humanos de caráter permanente, para substituir a atual comissão, que se reúne apenas seis semanas por ano. "Mas como disseram o secretário-geral e o presidente da Assembléia-Geral, não haverá nenhuma reforma da ONU sem a reforma do Conselho de Segurança."

O projeto busca aumentar o número de membros do Conselho de Segurança de 15 para 25, com 6 novas cadeiras permanentes e 4 rotativas.