Título: Nas articulações dos partidos para a sucessão, mais vetos do que acordos
Autor: Cida Fontes e Denise Madueño
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/09/2005, Nacional, p. A8

Ainda despachando na residência oficial da presidência da Câmara, na Península dos Ministros, Severino Cavalcanti (PP-PE) acompanhou ontem por telefone e relatos de aliados que o visitaram as articulações para sua sucessão. O pano de fundo para a sucessão na Câmara é a disputa eleitoral de 2006. Os partidos estão se mobilizando para se cacifar e assumir o comando da Casa, mesmo que por poucos meses, já que a partir de junho as campanhas estarão nas ruas, esvaziando o Congresso.

Até agora, dos 15 nomes cogitados com mais insistência para substituir Severino, há mais vetos do que sinais de acordo. O PT entende que será a chance de recuperar o comando da Casa e, se fizer boa administração, poderá melhorar sua imagem.

O nome petista deveria transitar com facilidade pelo próprio partido e pela oposição. Encaixam-se nesse figurino Paulo Delgado (MG) e Sigmaringa Seixas (DF). O primeiro, porém, sofre resistências dentro do próprio PT; o segundo é visto como muito ligado ao deputado José Dirceu (PT-SP).

O PFL, que tem o deputado José Thomaz Nonô (AL) como vice-presidente, tenta obter uma vitrine presidindo a Casa, mas nem o seu aliado do momento, o PSDB, vê isso com bons olhos. Os tucanos não querem fortalecer o espaço do PFL, que já namora no plano nacional o PMDB para fazer uma dobradinha para eleição presidencial.

O candidato do PMDB é o deputado Michel Temer (SP), que atua nos bastidores em busca de apoio como alternativa fora da base aliada. Temer sustenta o seu nome ao fato de ter sido presidente da Casa por duas vezes e ter bom trânsito para enfrentar esse momento de crise e de fragilidade das lideranças partidárias. Contra Temer pesa o fato de o PMDB já presidir o Senado, por ser de oposição ao Planalto.

O PSDB, por sua vez, gostaria de não ver um petista na presidência por entender que o partido perdeu a vez e provocou a crise, portanto, não poderia ser "beneficiado" simplesmente por ter a maior bancada. Ao mesmo tempo, os tucanos seguem na estratégia de continuar desgastando o PT e o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de olho em 2006.