Título: 'Recusei contrato com Valério'
Autor: Lisandra Paraguassú e Cida Fontes
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/09/2005, Nacional, p. A8

PENDULAR: O ainda presidente da Câmara, deputado Severino Cavalcanti (PP-PE), está inseguro em relação a seu futuro. Em entrevista ao Blog do Colunista, do jornalista Jorge Moreno, no site de O Globo, ele oscilou entre extremos: primeiro, declarou que não renuncia e lutará pelo mandato até o fim; depois, cogitou renunciar. Antes, bravateou: "Se enfrentar o processo de cassação, ganho no plenário"; para em seguida recuar: "Não sei se devo correr o risco. O diacho é que, se eu renunciar, vão dizer que estou confessando uma culpa que não tenho." Ao final, explicou sua insegurança: "O jogo traz ansiedade e muitas emoções." E admitiu ver vantagem na renúncia: "Poderei ter mais alguns anos de vida pública." Severino só abandonou a postura oscilante para lançar mais uma grave denúncia contra um sujeito que não nomeou, alocado entre o PT e o governo: "Queriam me impor um contrato com Marcos Valério. Eu recusei. Queriam botar gente para fazer marketing aqui dentro com salários de 30 mil, que não seriam pagos pela Câmara. Eu recusei", disse. Ele se acha "vítima de uma disputa de poder". Diz que tudo começou com uma fala em que defendeu punições diferenciadas para os deputados envolvidos no escândalo.

Se renunciar, alega, vai parecer culpado. Já se resistir, se defender e for cassado, "o povo vai ver que é uma cassação política". Sinalizou no horizonte - se a renúncia vier - que pode ser candidato outra vez em 2006. Se for, assegura, vai "dar uma surra" em Roberto Freire e Raul Jungmann, pernambucanos e seus ferrenhos acusadores. Mas acha que não concorrerá nunca mais à Mesa Diretora.

Ele relatou um estado de comoção em João Alfredo: "Lá, a igreja católica e as igrejas evangélicas se uniram em preces por mim. Deus me iluminará. Estou passando por um tipo de provação. Algum coisa eu fiz para passar por esse tipo de provação. É a vontade de Deus."