Título: Extratos de Duda nos EUA só devem chegar após fim da CPI
Autor: Eugênia Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/09/2005, Nacional, p. A13

As informações do governo dos Estados Unidos sobre a quebra do sigilo das contas do publicitário Duda Mendonça em Nova York e da conta de sua offshore, Dusseldorf, no BankBoston de Miami não devem ser enviadas tão cedo ao Brasil. Wannini Lima, coordenadora de recuperação de ativos do Ministério da Justiça, disse que só devem chegar depois do término dos trabalhos da CPI dos Correios, previsto para o início de dezembro. O Ministério da Justiça deve enviar na segunda-feira ao Departamento de Justiça dos EUA os pedidos de quebra de sigilo. "Certamente a remessa de documentos pedidos não é dentro do tempo da CPI. Essa investigação financeira não é simples", explicou Wannini, que foi ontem à CPI. Ela disse que o Ministério da Justiça recebeu na sexta-feira dois pedidos de quebra de sigilo da offshore de Duda e de seus sócios Zilmar Fernandes e João Santana Filho.

Um foi do Ministério Público Federal, que quer a quebra de sigilo da Dusseldorf, que tem sede nas Bahamas, e das contas pessoais de Duda, Zilmar e Santana, que seriam no BankBoston em Nova York. Também solicita a quebra de sigilo de duas offshores do doleiro Vivaldo Alves, o Birigüi, em Nova York.

A Polícia Federal pediu quebra de sigilo da Dusseldorf, das contas de Duda e sócios, Canton Business, Banco Rural Europa, da GD International, Deal Financial, Esfort Trading e Trade Link Bank. Essas empresas seriam usadas por doleiros.

A CPI e técnicos do governo começaram a trabalhar com a hipótese de que a conta de Duda no exterior tenha sido abastecida com recursos que já estavam fora do Brasil, numa operação feita pelo Rural Europa e pelo Trade Link. O Ministério da Justiça já tem a informação de que a conta da Dusseldorf em Miami recebeu cerca de US$ 3 milhões, principalmente do Trade Link. Outra hipótese é que uma operação entre doleiros no exterior abasteceu a conta de Duda.

DEPOIMENTO

Em Salvador, o delegado Luís Gustavo Góes, tomou ontem o depoimento de Zilmar, mas não deu detalhes. Góes revelou que pretende pedir a quebra do sigilo da Dusseldorf, já que a PF descobriu indícios de movimentação no exterior superior aos R$ 15, 5 milhões que Duda e Zilmar declararam à PF de Salvador. Os dois não souberam esclarecer a movimentação extra e afirmaram que essa conta só foi aberta por exigência de Valério, para receber pelo trabalho para o PT na eleição de 2002.

O advogado de Duda e Zilmar, Tales Castelo Branco, disse à tarde que a PF tem um laudo, não um extrato bancário, sobre a movimentação maior. "Isso nos causou surpresa, não sabemos como se conseguiu o laudo", declarou, informando que seus clientes não tem nenhum documento que possa desmentir os dados obtidos pela PF.

Segundo ele, com a quebra do sigilo bancário o assunto deve ser esclarecido. "Creio que Duda não se furtaria a uma acareação com Valério, mas tenho a impressão de que isso não vai ocorrer pois as afirmativas contraditórias são muito seguras e a acareação não iria esclarecer muita coisa."