Título: Greve dos Correios causa transtorno às empresas
Autor: Paulo Baraldi
Fonte: O Estado de São Paulo, 16/09/2005, Economia & Negócios, p. B13

A paralisação dos funcionários dos Correios causou transtorno na rotina de várias empresas. A estatal estima que 20% das entregas estão em atraso. A paralisação continua hoje, pelo menos até as 10h, quando haverá uma reunião em Brasília com o Comando Nacional de Negociações dos Trabalhadores e a direção da empresa para tentar uma negociação no Tribunal Superior do Trabalho (TST). Como alternativa, algumas empresas foram recolher seus malotes nos centros de entregas da estatal na capital paulista. O Departamento de Estradas de Rodagem (DER) deslocou um funcionário de Bauru a São Paulo para retirar um contrato que tinha de ser entregue ontem. O documento foi enviado quarta-feira e não havia chegado. "O contrato não pode passar de hoje ( ontem ), mas não conseguem localizar", disse o funcionário, no centro de entregas do bairro da Água Branca.

O técnico de informática Eric Augusto Nahas foi outro que se dirigiu ao centro para retirar um malote. Para ele, o atendimento estava muito desorganizado. Nahas esperou 15 minutos. "As pessoas estão perdidas, os que atendem e os que buscam algo", comentou.

As empresas de comércio eletrônico tiveram de encontrar alternativas de entrega, segundo Cid Torquato, diretor-executivo da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico. O site de vendas Submarino informou que "em algumas localidades no País, que são atendidas exclusivamente pelos Correios, a empresa disponibilizou uma área de consulta para que os consumidores possam verificar se a sua cidade está sendo afetada pela greve, antes mesmo de efetuar suas compras."

De acordo com os Correios, 10,5% dos 108 mil funcionários mantiveram a greve. Já os sindicatos estimaram 80% de adesão. Pernambuco, Rio Grande do Sul e Paraná foram os Estados mais afetados, segundo a estatal. Em São Paulo, os funcionários alertavam os clientes sobre "um possível atraso na entrega".

Durante o dia, houve manifestação em algumas agências. Os grevistas usaram de apitos para chamar a atenção, além de um carro de som na sede regional dos Correios de São Paulo, localizada na Vila Leopoldina. A entrada de uma das garagens foi interrompida pelos grevistas e o tráfego desviado para outra portaria.

Os trabalhadores pedem 52% de reposição salarial e aumento real de 20%, correção de 6,57% pelo IPCA e piso salarial, vale-alimentação e cesta básica maiores. Dois mil funcionários temporários foram contratados pelos Correios. Se a greve tivesse acabado ontem, a empresa estima que precisaria de um dia para normalizar as entregas das cerca de 32 milhões de cartas e encomendas que chegam diariamente.