Título: Pedro Corrêa nega mensalão e diz que só negociou cargos
Autor: Gilse Guedes
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/09/2005, Nacional, p. A13

Em depoimento na CPI do Mensalão, o presidente do PP, deputado Pedro Corrêa (PE), disse ontem que o ex-ministrochefe da Casa Civil e deputado José Dirceu (PT-SP) jamais prometeu ao partido dinheiro em troca do apoio ao governo. Ele disse que ia com freqüência à Casa Civil, mas que recebeu do petista apenas a garantia de que, em troca da adesão ao governo, o PP ganharia participação nos cargos de indicação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Depois de afirmar que desconhecia a existência do mensalão, Corrêa disse que o chefe de gabinete da liderança do PP João Cláudio Genu foi autorizado pelo partido a sacar R$ 700 mil das contas do publicitário Marcos Valério Fernandes e não R$ 4,1 milhões, como informou o empresário.

'Nenhum outro saque feito por Genu era de conhecimento do partido nem foi autorizado pelo partido', garantiu. Segundo ele, os R$ 700 mil foram usados para pagar o advogado Paulo Goyaz, responsável pela defesa do deputado Ronivon Santiago (PP-AC), réu em 36 processos judiciais.

GENOINO

Ele afirmou que o ex-presidente do PT José Genoino era seu interlocutor no governo, mas nunca tratou de assuntos financeiros com ele. Sempre quando precisava conversar com o PT sobre problemas financeiros do PP, Corrêa disse que era orientado por Genoino a procurar o então tesoureiro do PT Delúbio Soares.

Acusado de autorizar os saques nas contas de Marcos Valério, Pedro Corrêa declarou que seu nome não consta da lista de retiradas do empresário e que o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), que o denunciou de envolvimento no mensalão, recuou e negou sua ligação com o esquema.

DOCUMENTOS

Corrêa chegou para depor na CPI carregando uma extensa lista de documentos na tentativa de provar sua inocência. Ele entregou 12 volumes de documentos contendo a quebra de sigilo telefônico de suas residências em Brasília, Recife, de 17 celulares, da casa de sua mãe em Pernambuco e de uma fazenda.

Também abriu o sigilo de nove contas bancárias, de seis cartões de crédito e das empresas em que tem participação societária. Marcado para ontem, o depoimento de João Cláudio Genu foi transferido para terça-feira.