Título: Briga pela BrasilTelecom alimenta a crise
Autor: Sérgio Gobetti e Eugênia Lopes
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/09/2005, Nacional, p. A14

DANTAS: O depoimento de Luiz Gushiken, ex-titular da Secretaria de Comunicação do governo, à CPI dos Correios não esclareceu a participação do ex-ministro no imbróglio entre os fundos de pensão e o Grupo Opportunity, de Daniel Dantas. A briga, que se arrasta há cinco anos, culminou com a destituição da empresa de Dantas da gestão de negócios de empresas que movimentam mais de R$ 10 bilhões por ano. A ponta de lança dos negócios é a Brasil Telecom, a terceira maior operadora de telefonia do País, que hoje administra um caixa de mais de R$ 3 bilhões. Como principais acionistas nacionais do conjunto de seis empresas estão os fundos de pensão de estatais Previ (Banco do Brasil), Petros (Petrobrás) e Funcef (Caixa Econômica Federal). Em 2003, primeiro ano do governo do PT, os fundos conseguiram destituir o Opportunity, depois de dezenas de ações judiciais.

O Citibank, investidor estrangeiro, destituiu o grupo de Dantas alguns meses depois. O Opportunity está tentando reverter a decisão na Justiça. Dantas vai prestar depoimento à CPI na quarta-feira e deve confirmar a versão que vem confidenciando a interlocutores: a de que teria sofrido pressão do governo para afastar-se da gestão das empresas de telefonia Brasil Telecom, Telemig e Amazônia Celular.

O objetivo, na versão do banqueiro, seria facilitar a transferência da participação dos fundos a empresas que o governo já teria escolhido. A Brasil Telecom seria, segundo ele, entregue à Telemar.

Gushiken disse ontem na CPI que só iniciou contatos com os presidentes dos fundos a respeito do Opportunity depois de ter sido espionado pela Kroll, a mando do Opportunity.

Na verdade, o ex-ministro acompanhava de muito perto a contenda desde antes, mas estrategicamente manteve ontem a postura de simples observador do que classificou como 'a maior briga societária' da história nacional.