Título: PF investiga empresa ligada ao PT
Autor: Ricardo Bradt e Alexandre Rodrigues
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/09/2005, Nacional, p. A17

Seguradora é suspeita de pagar serviços de campanha em Goiás A Polícia Federal (PF) vai apurar quais as relações entre a empresa de seguros Interbrazil, com sede em São Paulo, e políticos do PT de Goiás. A seguradora, que teve uma ascensão meteórica às custas de contratos com estatais nos últimos anos, foi liquidada há um mês pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) e teria pago despesas de campanha. Em reportagem feita pelo Jornal Nacional, da TV Globo, anteontem, o proprietário da Interbrazil, André Marques da Silva, admitiu ter ajudado os petistas em campanhas em troca de informações privilegiadas.

O empresário alegou que as informações serviam para que a Interbrazil pudesse fechar contratos. Procurado ontem pela reportagem, Silva não foi localizado.

A empresa foi seguradora das usinas de Angra I e Angra II, da Companhia Energética do Paraná e da Companhia Energética de Goiás. Esses contratos somavam R$ 4,7 bilhões.

O que a Polícia Federal quer comprovar é se a empresa foi usada para pagamento de serviços de campanha do PT em Goiás. Em entrevista à Rede Globo, Cláudio Marques da Silva, que é irmão do proprietário da Interbrazil e dono de uma gráfica em Goiás, declarou que prestou serviços para o PT em campanhas eleitorais, totalizando R$ 1 milhão, e que tudo era pago por seu irmão.

A Interbrazil, que funcionou até o ano passado, está em fase de liquidação. A maior parte dos funcionários foi demitida. A empresa foi fechada após a descoberta de que havia falsificado documentos para obter contrato de R$ 1 bilhão com a Companhia Energética de Goiás.

Contratos como esse garantiram o sucesso da empresa aberta em 2002, com um capital de R$ 13 milhões, e fechada três anos depois. Segundo o Jornal Nacional, a empresa teve um salto de rendimento de R$ 24 milhões, em 2002, para R$ 62 milhões, no ano passado. Os negócios começaram a ruir quando o Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) acusou uso de documentos falsos e emissão de apólices irregulares para a Companhia Energética de Goiás.

A PF não quis se pronunciar sobre o caso e informou apenas que requereu cópias da reportagem para apurar o caso.