Título: 'Não há nada irregular em pagar passagens'
Autor: Tânia Monteiro
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/09/2005, Nacional, p. A16

O secretário-geral do PT, deputado Ricardo Berzoini (SP), negou ontem que o PT tenha cometido qualquer ilegalidade ao pagar as passagens de familiares do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, de São Paulo a Brasília, para que assistissem a posse, em janeiro de 2003. As passagens foram pagas com recursos do Fundo Partidário, conforme revelou o Estado, no domingo. Como é formado por recursos públicos, o uso do fundo para quitar despesas que não sejam diretamente ligadas às atividades do partido e seus dirigentes é proibido. "Dada a circunstância da posse, politicamente, não há nada de irregular. E do ponto de vista legal, o parecer inicial da nossa consultoria jurídica é de que não há contradição, já que se tratava da família do presidente eleito", afirmou Berzoini. Ele não se pronunciou, porém, a respeito das passagens pagas a outras pessoas que não têm cargos no PT. Foram beneficiadas as mulheres do ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, Margareth, do ex-presidente José Genoino, Rioco, e o marido da ex-prefeita Marta Suplicy, Luís Favre. "O tesoureiro José Pimentel apresentará todas as explicações", disse Berzoini.

O PT ainda não apresentou explicação oficial para o desvio de recursos do fundo partidário. A legenda deverá recorrer ao argumento de que mantém uma conta única para doações, dinheiro arrecadado com o dízimo de filiados e o fundo.

O presidente interino do PT, Tarso Genro, afirmou que se por acaso for configurado o uso de verba do fundo, o partido deverá procurar os dirigentes à época para garantir o ressarcimento e sanar eventuais irregularidades na Justiça Eleitoral: "Não há motivo para que o PT perca o registro partidário."