Título: BC reduz taxa de juro para 19,5%
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Fonte: O Estado de São Paulo, 15/09/2005, Economia & Negócios, p. B1

O Comitê de Política Monetária (Copom)do Banco Central (BC) decidiu ontem, por unanimidade, cortar em 0,25 ponto porcentual a taxa de juros, de 19,75% para 19,5% ao ano. A decisão reverte a seqüência de altas iniciada em setembro de 2004, quando a taxa Selic estava em 16,25%, mas foi criticada por representantes da indústria e do comércio, tanto pela falta de ousadia quanto pela demora. Na opinião de analistas, porém, o resultado da reunião do Copom pode reforçar a boa fase da economia, e ter mais do que um impacto simbólico. A decisão de ontem dá início a um novo ciclo na política monetária do País e realimenta a expectativa de que 2006 se torne o terceiro ano seguido de crescimento econômico razoável - pelo menos o dobro da média histórica de 2% dos últimos 20 anos.

A desaceleração da inflação também deve manter aberto o caminho para a queda dos juros nos próximos meses, segundo especialistas. A perspectiva do mercado é de que a Selic chegue ao fim do ano em 18% e recue para 15% no fim de 2006.

Porém a escalada dos juros já deixou seqüelas. Segundo cálculos do economista Raul Velloso, essa estratégia de contenção da inflação elevou a dívida pública em R$ 21 bilhões, o que corresponde a 15% sobre os gastos do governo (União, Estados e municípios) com os juros.

Velloso diz que suas estimativas não consideram outras variáveis que interferem no endividamento, mas alerta: quem vai pagar serão as gerações futuras. Seus cálculos levam em conta a taxa média anual de 16,1% em 2004 e de 19,1% estimada para este ano.

Além de pesar sobre os gastos públicos, os altos juros encarecem os custos industriais, com reflexos negativos sobre a oferta de empregos e o consumo dos trabalhadores. A conclusão é de um estudo da Fundação Getúlio Vargas, em conjunto com a Fiesp e o Ciesp.