Título: EUA e UE têm de resolver impasse para que negociações avancem, alerta OMC
Autor: Jamil Chade
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/09/2005, Economia & Negócios, p. B7

O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, alerta que o sucesso da reunião ministerial da entidade em Hong Kong no final do ano dependerá de um entendimento entre Estados Unidos e Europa. Lá negociadores dos dois lados do Atlântico debaterão suas posições que, pela primeira vez em décadas, não coincidem. Pressionados a abrir seus mercados agrícolas, Washington e Bruxelas indicam que só farão qualquer concessão quando o outro fizer. Enquanto isso não se resolve, o impasse continua. 'É urgente que americanos e europeus se entendam para que outros temas sejam desbloqueados', disse Lamy. Washington se recusa a cortar certos subsídios se Bruxelas não eliminar outros.

Já os europeus alegam o contrário, impedindo qualquer entendimento. Ontem, Lamy insistiu aos governos, no primeiro discurso após a posse, que a rodada precisa encontrar uma data final para os subsídios às exportações.

Mas já indicou a vários diplomatas que Hong Kong pode não chegar a um entendimento sobre todos os pontos que deveria. Pelo mandato, os países precisariam definir qual o ritmo dos cortes de tarifas e subsídios. Nos bastidores, Lamy pede a todos que continuem trabalhando como se esse fosse o objetivo, mas a realidade é que muitos desses números podem ficar para uma etapa seguinte.

'Só não mudamos o discurso para que não haja uma desmobilização dos negociadores até Hong Kong', disse um diplomata latino-americano. Lamy prefere indicar que a conferência deverá representar dois terços do processo de Doha, iniciado em 2001. Mas admite que preparou cenários em caso de um fracasso.

'Qualquer diretor responsável faria isso', disse Lamy. Ele sugere que os países se concentrem em algumas áreas, como agricultura, produtos industriais e subsídios ao algodão. 'Temos de manter a ambição.'

Na semana que vem, Brasil, Índia, EUA e UE se reúne m na França para tentar aproximar as posições para desbloquear o processo. Lamy espera que o encontro contribua para a negociação, mas alerta que não pode aceitar que seja algo diferente do que está sendo debatido em Genebra. 'A igreja precisa estar no centro da cidade.