Título: Bradesco já reduz taxas de clientes
Autor: Fernando Dantas
Fonte: O Estado de São Paulo, 15/09/2005, Economia & Negócios, p. B3

O Bradesco deu o pontapé inicial e anunciou ontem mesmo, logo após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), a redução dos juros cobrados do consumidor em algumas modalidades de crédito. A medida deve ser acompanhada hoje por outras grandes instituições financeiras no País. Segundo o presidente do Bradesco e da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Márcio Cypriano, o custo menor da estrutura de juros permitirá aos bancos ampliar a base de clientes com acesso ao crédito. "Devemos continuar aumentando nossas carteiras de crédito, com redução dos índices de inadimplência", completou ele.

Para os clientes pessoa física, a taxa máxima de juros do cheque especial caiu de 8,33% para 8,31% ao mês; no crédito pessoal, de 5,87% para 5,85%; e no crédito pessoal consignado, a taxa mínima será de 1,75%.

Para empresas, os juros máximos do capital de giro caíram de 6,26% para 6,24%; na linha de desconto de duplicatas e de cheques, de 4,51% para 4,49% ; e na conta garantida, de 6,74% para 6,72%. As novas taxas valem a partir de hoje.

Na avaliação de Cypriano, a decisão do Copom foi tecnicamente coerente, tempestiva e merece elogios. "A política monetária cumpriu, com sucesso, o desafio anterior de enquadrar a inflação na meta. Com a redução, o Copom reforça a expectativa positiva em relação ao desafio do crescimento sustentável da economia, com reflexos nos indicadores já neste final de ano."

Para o presidente da Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras (Anef), Luiz Montenegro, matematicamente a redução de 0,25 ponto na Selic não deve alterar as taxas cobradas atualmente, na faixa de 1,7% ao mês para o financiamento de carros.

"O impacto maior será no espírito de confiança dos consumidores." Na sua opinião, encorajados por uma perspectiva de longo prazo, muitos poupadores vão tirar o dinheiro de aplicações e adquirir veículos. A perspectiva de continuidade da queda também levará os bancos a reduzir as taxas atuais.

Segundo uma pesquisa da Associação dos Executivos de Finanças (Anefac), desde agosto os bancos, financeiras e comércio vinham reduzindo as taxas na expectativa de corte do Copom e por causa do aumento da concorrência.

O Banco PanAmericano, por exemplo, reduziu a zero a taxa do crédito consignado para empréstimos de até 90 dias. Nos prazos de 4 a 6 meses, os juros caíram de 1,75% para 1,50% ao mês. Nas operações de CDC, as taxas caíram de 3,60% para 3,45%, na média, e a de veículos, de 2,20% para 2,10%.