Título: Juro pode cair até 0,50 ponto na 4.ª
Autor: Tom Morooka
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/09/2005, Economia & Negócios, p. B4

O reajuste dos combustíveis pela Petrobrás na sexta-feira não abalou a expectativa do mercado financeiro de que, desta vez, o Banco Central vai dar largada ao ciclo de redução da taxa básica de juros, mantida há três meses em 19,75% ao ano. A reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), do BC, que vai tomar essa decisão começa amanhã e acaba na quarta-feira. O prognóstico predominante entre os investidores é por um corte entre 0,25 ponto porcentual e 0,50 ponto porcentual, mas a convicção de que o BC não abre mão do conservadorismo engrossa as previsões em torno de uma redução de 0,25 ponto. Do total de 52 instituições consultadas pela Agência Estado, 50 prevêem queda dos juros, das quais 37 trabalham com expectativa de redução de 0,25 ponto porcentual e 13, de meio ponto porcentual. 'O BC deve começar o ciclo de redução do juro básico de forma cautelosa, como tem sido em todas as suas decisões', comenta a economista Carla Bernardes, da Modal Asset Management, que acredita em recuo de 0,25 ponto porcentual da taxa básica, para 19,50% ao ano. É também a expectativa embutida nos contratos futuros de DI para outubro, que expressam a decisão esperada para esta reunião do Copom e fecharam sexta-feira em 19,53% ao ano. O operador Marcelo Castello Branco, da Fidúcia Asset Management, é outro que aposta em redução mínima do juro. 'O nível de atividade e a inflação em queda justificam uma queda gradual do juro, apontando um início do ciclo de redução bem lenta dos juros', avalia. 'A inflação em queda está convergindo para as metas definidas para este e o próximo ano', reforça Carla. A meta ajustada para este ano para o IPCA é 5,10% e para o próximo, 4,50%. O otimismo com o provável corte dos juros ficou estampado no desempenho da Bolsa de São Paulo, que acumulou valorização de 3,49% na semana passada, escorada em crescente expansão do volume negociado. O cenário político volta ao foco dos mercados, com a retomada de importantes depoimentos na CPI do Mensalão. O expresidente do PT José Genoino prestará depoimento amanhã, a partir das 11h30.

Na quartafeira, no mesmo horário, será a vez do deputado Pedro Henry (PP-MT), apontado pelo deputado Roberto Jefferson (PTBRJ) de ser um dos distribuidores do mensalão. Há certa ansiedade também com a possível votação pela CPI dos Bingos, amanhã, do requerimento de convocação para depoimento do ministro Antônio Palocci.

Nos EUA, os indicadores mais aguardados para esta semana são o índice de preços ao produtor (PPI), amanhã, e o índice de preços ao consumidor (CPI), na quarta-feira. Embora não tendam a refletir plenamente ainda a elevação do petróleo e os estragos do furacão Katrina, esses indicadores podem influenciar a decisão do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) sobre os juros de curto prazo na reunião do dia 20.