Título: Antes da entrevista, consulta ao Planalto
Autor: Cida Fontes
Fonte: O Estado de São Paulo, 12/09/2005, Nacional, p. A4

O presidente da Câmara, Severino Cavalcanti(PP-PE), buscou apoio político com o governo, antes de apresentar sua defesa na entrevista de ontem. Dispensou os preparativos para a coletiva com assessores e passou boa parte da manhã reunido com o secretário de Relações Institucionais do governo, o ministro Jaques Wagner, com quem conversou sobre sua estratégia. Severino saiu de casa antes das 9 horas, mas com o cuidado de deixar seu carro oficial na garagem. Voltou pouco antes das 11h30, a bordo do carro de Wagner e, logo em seguida, partiu para a coletiva acompanhado de assessores, do advogado e da filha. A mulher, Amélia, ficou em casa.

Apesar da ausência de Severino, a residência oficial dele foi palco de movimentação intensa durante a manhã. Um dos primeiros a chegar foi o corregedor da Câmara, deputado Ciro Nogueira (PP-PI).

Encarregado de conduzir o processo de investigação contra Severino, Nogueira garante que irá manter a imparcialidade exigida pelo cargo. Ao longo dos últimos dias, porém, fez mais jus à condição de 'filho' - como é chamado por Severino - do que de corregedor.

Ele chegou à residência oficial antes mesmo do advogado José Eduardo Alckmin, contratado para defender Severino das acusações de exigência de propina feitas pelo empresário Sebastião Buani.

SEM INTERFERÊNCIA

Por meio de sua assessoria, o ministro Jaques Wagner afirmou que se reuniu com Severino atendendo a pedido feito pelo presidente da Câmara. Disse ainda que o governo não vai interfeir no assunto pois a questão 'é interna corporis da Câmara de Deputados'. Segundo o ministro, o 'governo decidiu que não vai fazer pré-julgamento e vai esperar a apuração da denúncia'.